Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Critica: O "limite" do limite da liberdade de expressão é tênue


"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir" George Orwell

Uma das charges do Jornal Charlie Hebdo que tem dividido opiniões


Bastou pipocar na internet algumas imagens das charges do Charlie Hebdo para que muito defensor da liberdade mudasse de ideia ao ver as sátiras ácidas do jornal à sua religião.

Pra muitos mais moderados a charge é de profundo mal-gosto, para outros ofensiva às suas convicções e crenças. Alguém até deve achar isso engraçado. Eu não possuo sentimentos sobre a charge. não me ofende, nem me faz rir. Mas é claramente ofensiva e me parece 10 vezes mais agressivo que qualquer charge que eles tenham feito criticando o islã.

O que eu quero deixar claro é que nenhum jornalista, ou cartunista foi morto por causa dela, ponto para os cristãos franceses. Mas no Brasil o discurso tem sido outro. Antes de eu chegar aos defensores de ditaduras, e dos lobos em pele de cordeiros politicos (com o perdão da expressão). Preciso fazer uma critica sutil aos que mudaram de ideia após descobrirem essa e outras charges atacando o cristianismo. É contraditório que religiosos reclamem do "limite da liberdade" enquanto acusam o governo de censura-los sobre sua posição ao homossexualismo acusando os movimentos LGBTXYZ.. Liberdade no dos outros é refresco? Enfim... voltando ao tópico.

Surgem pensamentos que tem aquele "mas" no meio da frase, esse "mas" que adversa a sentença, que condiciona e torna legitima uma ação radical e criminosa. Relativizar os motivos religiosos dos radicais islâmicos, esconder as charges do jornal - como vinha fazendo grande parte da imprensa brasileira - é no dar razão ao fundamentalismo de quem quer impor sua cultura à cultura a cultura de quem os recebeu.

E me preocupa muito este tipo de relativização que esta acontecendo no Brasil, não porque eu tema o "fundamentalismo religioso" dos cristãos brasileiros. Mas porque as pessoas estão caíndo nesse discurso, ou mordendo a isca e agindo de acordo com essa ideia que dá força ao discurso pré moldado em cimento de quinta, de pseudo-intelectuais como Gregorio Duvivier e o Fábio Porchat, que recentemente em suas respectivas colunas na Folha de São Paulo. apontam a existência de um fundamentalismo no Brasil. O que provo não é verdade, não existe. Posso resumir tudo em dois simples exemplos: "Artistas performistas" enfiam santas de madeira ou cruzes na vagina em praça pública, humoristas gravam videos na internet fazendo graça de todas as religiões principalmente a que tem o maior numero de adeptos no Brasil e ninguém é agredido por isso - no máximo é xingado ou sofre alguma tentativa de processo, onde até eu sei nenhum deles perdeu a causa.

Já esses são os primeiros a defender a "liberdade de expressão", d'eles produzirem e atacarem o que quiserem... sem serem "atacados". Ora, se ser xingado na rua é ser atacado eu vou ter muita gente pra censurar.

Estou falando de abusos de liberdade de expressão. E o que é esse tal limite quanto se prega? Afinal, uma opinião, video, piada ou charge pode ou não ser punida pela lei, e qual o critério de justo dessa lei? Este deveria ser enfoque do debate: Se alguém se sentir ofendido pode buscar seu direito na justiça se assim for justo. Mas no Brasil a linha é tênue pois temos aqui uma parcela de políticos e 'militontos'  - de onde brotam muitos desses mesmos 'artistas performistas' e supostos "defensores da liberdade de expressão", enquanto ela os protege dos abusos e agressões que eles querem cometer, que citei como exemplo - que querem calar e perseguir qualquer opinião controversa à ordem que querem impor, a sua própria ordem sob jugo dos seus próprios critérios. Um caso mais recente é a da briga do jornalista José Ilan com o deputado daquela partido que mistura socialismo e liberdade - dois elementos que nunca se misturaram - Marcelo Freixo onde destaco um ponto do embate dos dois:


Marcelo Freixo: “o conceito de democracia é um bom debate. Nunca defendi queima de bandeira. A divergência é saudável e faz bem a democracia.”

José Ilan: “não há debate sobre ‘conceito’ de democracia. Ou cidadãos e imprensa são livres, ou não são. Não defenda o indefensável.”

José Ilan: “depois de chamar de irresponsável, chama de mentiroso? Seja autêntico e assuma suas posições. Coerência, deputado.”

Marcelo Freixo: “livres com ética e responsabilidade sobre o que escrevem. Não foi o seu caso.”


Não deputado, liberdade tem diversos significados para muitos filósofos, incluindo o Marx que influencia seu partido. Nenhum deles impõe condições a ela. Todos eles sugerem apenas sobre a necessidade de compreender as consequências de seus atos.

Marcelo Freixo é um desses políticos que defende "regulação de imprensa", "socialização da midia" ou seja, deixar o estado definir o que pode ou não ser dito; inclusive contra ele. Resumindo: Censura.

Enquanto esses políticos e artistas acusam espantalhos de quem nunca os agrediu (cristãos) por seus supostos "abusos" ao mesmo tempo relativizam e defendem os atos de fanáticos religiosos de outro lado do oceano, em nome de um 'multiculturalismo' que matam pessoas no pais delas por exercerem um direito que o pais delas lhes assegura.

Há uma gigantesca confusão, proposital ou não, de conceitos e fatos. Dizer que tudo deve ter um limite é no fim é dar alguma razão aos terroristas. Matar os fundamentalistas é torna-los mártires na sua visão distorcida. Mante-los vivos também é torna-los mártires aos olhos dos idiotas de dentro do pais que queiram segui-los ou liberta-los.

A missão da França é complicada. Mas eles terão que ser criativos em encontrar uma solução que dê um recado muito claro ao fundamentalismo: "Nós te recebemos e serão sempre bem vindos, mas não tentem impor suas leis e suas regras a nossa nação. Não vamos tolera-los". Como já tem feito a Noruega ao expulsar imigrantes que cometam crimes no pais.

Por mais agressiva que seja qualquer opinião, eu ainda prefiro viver num mundo onde as pessoas tenham liberdade pra fazer algo assim e não serem mortas e muito menos censuradas por isso.

O "limite" do limite da liberdade de expressão é tênue e seria ótimo se todos tivessem estofo, discernimento para defender suas ideias sem querer calar ou perseguir o outro. Mas não é o que se tem visto por aí.

Já se sabe que os radicais tem plano de atacar o Vaticano. Para radicais extremistas (uma redundância) qualquer ponto de vista, qualquer charge, qualquer comportamento, cultura, qualquer religião oposta às suas crenças são uma 'ofensa'. então eu pergunto novamente aos que estão caíndo na conversa fiada de relativistas do "multiculturalismo". Qual é limite da "liberdade de expressão" quando a simples existência ofende outro ponto de vista? Cuidado para não comprar um discurso que pode acabar te destruindo.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Wilson Agostinho: DILMA NÃO É CHARLIE...




Dilma Rousseff condenou o ataque à redação do jornal satírico Charlie Hebdo em Paris nesta quarta-feira: “Esse ato de barbárie, além das lastimáveis perdas humanas, é um inaceitável ataque a um valor fundamental das sociedades democráticas – a liberdade de imprensa.”

Essa liberdade de imprensa é o mesmo valor fundamental que o governo Dilma ataca no Brasil por meio do novo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que assumiu a pasta para tocar a censura travestida de regulação da mídia.

É o mesmo valor fundamental que os militantes petistas da União da Juventude Socialista, insuflados pelas acusações de Dilma em rede nacional contra VEJA, atacaram ao depredar e pichar a sede da Editora Abril, que publica a revista, após a revelação de que a presidente e seu antecessor sabiam de tudo do Petrolão.

É o mesmo valor fundamental que o então ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Thomas Traumann, atacou quando pressionou o SBT a calar a apresentadora – e crítica do governo – Rachel Sheherazade em pleno ano eleitoral.

É o mesmo valor fundamental que Lula atacou ao tentar expulsar do Brasil o repórter americano Larry Rother por revelar seus hábitos etílicos. É o mesmo valor fundamental que o PT ataca diariamente ao patrocinar com dinheiro público os blogs sujos (alguns com nome de ‘revista’ ou ‘portal’) para difamar veículos e jornalistas independentes. Os ataques petistas à liberdade de imprensa são movidos pela mesma intolerância à divergência, à crítica, à sátira que move os terroristas islâmicos, guardadas as diferenças de método e grau de criminalidade com que a colocam em prática.

Os franceses hoje estão nas praças, nas ruas, nas redações e nas redes sociais levantando cartazes com a frase “Je suis Charlie”, em homenagem aos doze mortos no escritório do jornal e em defesa do “valor fundamental das sociedades democráticas – a liberdade de imprensa”.

Mas Dilma não é Charlie. Dilma é a União da Juventude Socialista.

"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)