Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A hora do Rancor: Se não vem por amor, virá pela dor.

RIO - Cirene Darck, de 54 anos, prestou queixa ontem, na 24ª DP (Piedade), contra sua empregada, Nádia Pereira. Segundo Cirena, Nádia a agrediu violentamente por motivos religiosos. A patroa é adepta de cultos afros e a empregada, evangélica. Abalada e machucada, Cirene contou que foi empurrada, espancada e presa num quarto que, posteriormente, foi incendiado pela empregada.

Após o espancamento, Cirene tentava se defender de golpes de tesoura e de xingamentos. Enquanto isso, Nádia jogou inseticida na porta do quarto e ateou fogo. Cirene ficou trancada por cerca de quatro horas, e foi salva por seu genro.


Matéria do site do jonal O Globo: 30/04/09


Comentário: A noticia acima não me surpreende. Me surpreende é que noticias como essa ainda não ocorram com frequência. Não é de hoje que eu noto um comportamento e um discurso que tende a ser agressivo por parte de certas entidades religiosas protestantes.

"Se não vier por amor, vem pela dor". Já ouvi muito isso de pessoas que desejam convencer a alguém da legitimidade da sua fé em detrimento das outras.

Vou ser muito sincero eu ODEIO religiões. Mais do que uma opinião pessoal teológica é uma opinião baseada em observação, estudo e convivência com pessoas de variadas vertentes religiosas.

Tudo que eu aprendi sobre fé é que ela move montanhas e que misturada a ignorância pode matar. A ignorância popular misturada a má fé, ganância, aliada à visão preconceituosa de certos líderes espirituais é uma fusão altamente inflamável que pode ocasionar em uma explosão de ódio e intolerância.

Eu considero o poder público e o estado responsáveis pelo que ocorre; e pelo que ocorrerá, num futuro que parece não muito distante e cada vez mais real. O estado deveria ser laico, mas não é. Temos quase uma dezena de feriados nacionais, fora os estaduais e municipais dedicados a ídolos religiosos de uma única corrente (recentemente no Rio isso gerou uma briga de católicos e ubandistas no feriado de São Jorge). Temos centenas de políticos e candidatos ligados abertamente a alguma religião (Protestante em sua imensa maioria) e que costumam legislar e governar em prol desta fé ou de acordo com os interesses de seus líderes. Igrejas acumulam milhões em dinheiro de arrecadação não tributada e não declarada graças a proteção da lei que confere tal vantagem. Fora o não pagamento de imposto territorial (Curiosamente alguns terreiros de religiões afro são taxados em determinadas cidades, pois as prefeituras os desconsideram como templo).

Que fique claro nem todo religioso é um perigo, mas corremos o risco de vivenciar um festival de perseguições a culturas variadas e ódio religioso descambando à violência graças a ignorância popular misturada a omissão, intolerância e má fé.

O Católico odiará o crente, que odiará o ubandista, que odiará os cristãos, que odiarão aos espiritas... seguindo numa corrente de rancor e preconceito que se extenderá até a aqueles que sequer possuam uma fé.

O oriente médio não é aqui. Ainda...

2 comentários:

  1. Logo a religião.... que deveria pregar o amor destituído de preconceitos...

    Estado laico forever!

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  2. Embora eu não seje religioso, acho que o problema não é a religião em si e sim as pessoas. Mas concordo com a idéia de que as crianças não deveria ser criadas sob influência de qualquer tipo de religião; como no Brasil onde a cultura católica é dominante e seus valores são empurrados nas mentes das crianças antes mesmo delas terem noção de algo.
    Li uma notícia que dizia que em um determinado país (não lembro qual) os indivíduos só escolhem sua religão, se querem alguma, após os 18 nos.
    Não acho que isso resolveria, mas mudaria bastante a realidade existente.

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