Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Origem e idéias.

Nunca fui de meias palavras, nem tão pouco de ficar em cima do muro. É raro um assunto do qual eu não tenha uma opinião, mesmo que desinformada para depois me informar melhor e rever a opinião. Não me furto de opinar.

Sempre fui assim, sou de escolher logo "de que lado eu estou". Não acho que seja ruim eu vir a mudar de idéias; como eu disse, eu sempre tenho uma opinião mesmo que desinformada. Informar-se sobre um assunto e ainda manter uma opinião infundada por mero orgulho é burrice. (Gostaria até de pegar esse gancho para ficar filosofando sobre o orgulho mas deixo isso para um outro dia. Eu me empolgo). Mas, para eu começar a contar minhas opiniões e fundamenta-las é preciso antes que eu me apresente.

Origem.
Como alguns dos que me conhecem, e se dão o trabalho de ler esse blog sabem, eu não nasci em berço de ouro. Descobri posteriormente minhas raizes pseudo-árabes hispânicas e franco-portuguesas. A principio eu sou filho de Maria de Lourdes uma empregada doméstica vinda da Paraíba e de Aldenir, um porteiro e zelador de edifícios vindo do interiorzão do Ceará.

Morei na zona sul do Rio até meus 4 anos, com a separação de meus pais fui morar em Duque de Caxias, na baixada fluminense. Morei eu e minha mãe sozinhos. não pretendo contar as dificuldades e preconceitos que uma mãe solteira passou para criar seu filho tendo que ir trabalhar no Rio e deixar seu único filho sozinho, pois nem sempre tivemos dinheiro para pagar a uma empregada.

Eu assisto de camarote o mundo ao meu redor, e concluo que minha mãe, uma pessoa que mal terminou a primeira série que sabe ler e assina seu nome com alguma dificuldade, é um ser de inteligência ímpar.

Ela se dedicou ao extremo que eu tivesse uma educação minimamente capaz de me garantir um futuro melhor que o dela. Nunca quis ter um outro filho. E soube criar o seu único para que não se tornasse um transtorno a sociedade.

Uma mulher assim teve consciência de três pontos que considero chave para a formação social, ética e cultural de toda uma nação:
Educação, planejamento familiar e disciplina.

Ideías

Daí vem muitas de minhas ideias. Eu nunca fui estudioso, detestava estudar. Mas fui criado para no mínimo ser o primeiro da Família a chegar a uma universidade. Objetivo cumprido, ponto para a Dona Lourdes.

Como mãe solteira criar mais de um filho com o salário de empregada doméstica seria burrice. Ainda mais se ela resolvesse depender do poder público. Ter mais de um filho e optar por pagar escola particular ( Embora naquela época ainda existissem mais colégios públicos de qualidade do que hoje.). Ter mais de uma boca pra alimentar, cuidar e orientar não é mole.

E por último eu me criei sozinho dentro de casa, raramente tenho histórias pra contar de brincadeiras na rua com os moleques de minha idade. Sempre tive regras e obrigações. Não me arrependo ou lamento disso por que me tornei auto de data em muitas coisas. Aprendi a me virar sozinho e poderia viver como o Will Smith em "Eu sou a lenda tranquilamente".

Não fui pai aos 20 anos, não tenho ficha na policia, nunca roubei, nunca me droguei e detesto bebida.
Enfim eu fui criado com bases sólidas e noções de ética, respeito, limites e educação. Embora eu nem sempre eu tenha sido uma pessoa tão ética educada e respeitosa. Mesmo alguém com noções assim tem falhas ou falha durante a vida e precisa aprender na pratica e na porrada.

Enfim, essa é a minha origem, se eu sou quem sou, se penso como eu penso. Se sou capaz de redigir um texto de razoável compreensão. Se eu aínda existo e sou um cidadão minimamente respeitável e consciente. 

Eu credito a esses princípios que minha mãe; mãe solteira, doméstica assalariada, sem instrução ou orientação de psicólogos e toda a frescurada que existe hoje, me ofertou ao longo da vida.

3 comentários:

  1. Foda, cara...

    Eu tenho uma história parecida com a sua, embora com algumas diferenças.
    Mas, como você, não tenho nada a reclamar de minha mãe, embora reclame dela às vezes, sempre é de maneira superficial, por que sei o quanto ela lutou sozinha.

    É impressionante como esse tipo de criação é impactante na formação de um indivíduo, se todos tivesse noção desses valores quando crianças o mundo seria bem melhor. Não quero dizer que somos melhores que ninguém, não acredito nisso, mas certamente temos papel diferente na sociedade; assim como cada um tem o seu papel particular...

    Valorizar nossas raízes é algo vital para nosso estabelecimento como pessoa, eu vejo assim.

    Falou !

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  2. "Valorizar nossas raízes é algo vital para nosso estabelecimento como pessoa." Falou tudo Bond.

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  3. Saber de onde a gente veio é mais importante do que saber pra onde a gente vai, eu acho. E essencial para sabermos quem somos.

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