Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

domingo, 3 de maio de 2009

Mais que um jogo, mais que uma paixão.


A revolução rubro-negra.

Pode um esporte ou um time ser um espelho da vida ou do caráter de alguem? Parece absurdo, porém ao terminar esse post é possivel que eu consiga quebrar algum ceticismo existente.

A maioria dos torcedores de futebol tem em seus times alguma relação familiar. Ou torcem para um time por ser uma paixão passada de pai para filho ou algum outro parente importante na vida de alguem.

Meu pai é Botafoguense, passou uma boa parte da minha infância me levando ao estádio para criar em mim essa paixão passada de pai para filho desde pequeno. Convenhamos que era uma época ruim, pois o time estava há anos sem vencer títulos. E eu era pequeno demais para entender que muitas vezes o time que fazia gol não era o botafogo. E as vezes sequer conseguia ficar acordado durante a partida preferindo cochilar ao lado do meu pai. Me lembro bem de várias vezes acordar e estar ainda sentado na arquibancada. A verdade é que eu não estava nem aí, para mim o legal era estar com meu pai.

Sou filho de pais divorciados desde quando tinha 4 anos de idade. Então quando meu pai vinha me ver para me levar aos jogos era o momento em que aquela relação mística de pai para filho se fazia presente. As lembranças que tenho eram de comer biscoito de polvilho, com mate leão durante o jogo e na volta comer pastel de queijo na central.

Mas as coisas mudam. E um dia essa relação mística perdeu seu encanto, meu pai um rapaz ainda jovem que criou uma familia cedo demais tinha suas prioridades. E criou-se uma distância entre nós e ele pouco vinha me visitar. Com um misto de desapontamento e raiva eu ainda pequeno passei a ligar menos ainda para futebol. O assunto só tinha interesse quando estava com algum amigo. Por amizade, cheguei a me declarar tricolor. Pelo afeto a minha mãe, que é torcedora do Fluminense, também repeti isso. A verdade é que eu me sentia deslocado não achava graça naquilo. Eu não era nada, não me ligava em nada. Não me importava nenhum pouco com futebol e muito menos de joga-lo.

Um dia em 1987 eu lembro bem. Estava na casa de minha madrinha na Barra, assistindo ao globo esporte. E o Flamengo tinha acabado de ser campeão da Copa União, naquela época seria o equivalente ao campeonato brasileiro.
O que me chamou a atenção não era o time, não era o Zico (o maior que eu vi jogar no final da minha infância que se interessou tardiamente pelo esporte).
O que me fez sentir o sangue correr nas veias, foi a imagem de uma massa humana correndo loucamente gritando e subindo as escadas de uma estação de trem como se fosse um exercito invadindo o campo de batalha e ao fundo da matéria tocava o hino do Flamengo. Cara isso me arrepia até hoje, foi a primeira vez que eu fui as lágrimas e senti que algo fazia sentido, eu pensei "O que é isso?" e ali eu me decidi que queria fazer parte daquilo. Foi ali que me fiz Flamengo.

Eu digo que me tornei Flamengo, por que me sinto diretamente ligado ao time. Em 92 eu tive uma doença chamada febre reumática passei alguns meses sem andar, sentia dores e cheguei a pensar que minha vida seria daquele jeitto para sempre. Naquele mesmo ano iniciei o tratamento mas era privado de brincar com meus amigos. Eu estava mal na escola, faltei muito por causa da doença e estava ameaçado de ser reprovado.

Naquele ano minha maior alegria veio do ultimo título brasileiro do Flamengo, que tinha um time desacreditado, considerado fraco que se classificou entre os 8 melhores sendo ele o 8o colocado. Seu melhor jogador era Júnior considerado já velho e acabado para o esporte tendo que enfrentar o Vasco. Melhor time do torneio, favorito ao título e com o craque daquele ano, Bebeto que tinha vindo transferido do Flamengo.

Naquele ano o tratamento começou a dar certo e voltei a andar e contrariando a todos consegui passar direto para o ano seguinte. Eu que nunca tinha conseguido passar de ano sem precisar passar pela recuperação.

O Flamengo contrariando a tudo eliminou o vasco e chegou na final contra um Botafogo igualmente forte. O Flamengo foi campeão daquele ano e o destaque foi Júnior.
Aquele título foi uma resposta a muitas perguntas que eu tinha, uma delas se eu fiz a escolha certa de time, já que tão logo eu sozinho me tornei Flamengo o Botafogo em 89 tinha quebrado seu jejum de títulos em cima do meu recente time, Flamengo.

Fomos vencedores naquele ano e contrariamos tudo.

O jogo de hoje também tem uma importância que vai além do titulo. O jogo de hoje me respondeu a algumas perguntas. Quem me conhece mais intimamente e sabe o que aconteceu no jogo talvez saiba quais eram.

E meu pai botafoguense? você me pergunta. Me dou muito bem com ele hoje lamento sua derrota. Mas ninguem me convenceu a ser Rubro-negro eu me fiz assim. O Flamengo é mais que uma paixão, suas vitórias são as minhas e suas derrotas também me pertencem. E hoje eu sou um vencedor.

SRN

3 comentários:

  1. Parabéns aí pro seu time, né...
    Cada um tem a sua história com o time, cada um tem uma história pra se orgulhar =]

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  2. Todos tremem perante o poderio do mengão imbatível, kkkkkkkkk.

    " E eu era pequeno demais para entender que muitas vezes o time que fazia gol não era o botafogo. "
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. AAAhhh ja te dei os Parabens ontem..mas
    eu dou de novo hj
    PARABENS...

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