Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dançando com o Diabo


Um choque de realidade!

Assisti o excelente documentário “Dançando com o Diabo”, lançado no Festival de Cinema do Rio de Janeiro em 2009, mostra a complexidade das favelas cariocas na visão de três personagens ligados diretamente ao tráfico: um pastor, um policial e um criminoso.

De acordo com o pastor Dione dos Santos, 90% dos jovens que participaram do documentário estão mortos. O filme fala da complexidade e das contradições do crime organizado e da ajuda da religião.

Dançando com o Diabo custou 500 mil dólares. A ideia partiu do jornalista inglês Tom Phillips, correspondente do jornal “The Guardian”. Ele ficou um ano e meio visitando favelas do Rio depois de fazer uma reportagem com Dione. Assim teve acesso a Juarez Mendes da Silva, o Aranha, chefe do tráfico de quinze morros cariocas e que morreu logo depois de participar do filme.

Ao assistir este filme pude enxergar mais pontos de convergência que contradições entre policiais, religiosos e traficantes. É unânime na opinião de ambos os lados que só existe o tráfico porque existe o comprador.

No final percebemos que os grandes bandidos são o sistema hipócrita que não reprime o usuário e nem tenta evitar que mais pessoas venham a se viciar. As politicas públicas que permitiram o crescimento desordenado das favelas e do tráfico, a completa falta de investimentos na capacitação do ser humano, seja ele policial, viciado ou favelado. Além de mostrar a luta do ex-traficante que se tornou pastor e tem o respeito dos criminosos da região. Que luta praticamente sozinho e "enxuga o gelo" na tentativa de tirar os jovens de sua comunidade do tráfico e do vício.

É a prova de que o caveirão não é a solução. E que nossos péssimos índices no ensino público nos indicam um futuro ainda mais sombrio.

Baixe e veja, se tiver estômago.

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"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)