Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

sábado, 13 de novembro de 2010

Pão e Circo: Bolsa família, Copa, olimpíadas e CPMF

Na Roma antiga, a partir de 30 a.C., governantes receosos que houvesse uma revolta do povo contra eles, decidiram criar a política do pão e circo. Consistia basicamente em dar diversão e alimentação ao povo.

A inserção desta política, tinha como intenção desviar a atenção de possíveis revoltas de plebeus desempregados, que foram migrando para as cidades, pois a mão de obra assalariada passava a ser exercida por escravos, frutos das conquistas territoriais romanas.

Devido a essas conquistas, as províncias controladas por Roma passaram a fornecer grandes riquezas à Capital, assim o Império desenvolveu-se, de forma vertiginosa. Com o propósito de evitar o confronto com o povo desempregado, que formava um verdadeiro exército de carentes, o Império criou a política de oferecer, quase diariamente, espetáculos de lutas entre gladiadores em grandes estádios (o mais famoso foi o Coliseu), onde também eram distribuídos alimentos aos "desafortunados".

Quando Roma se tornou um império, e utilizava-se desses escravos, às vezes eles se rebelavam. Como os políticos romanos não ligavam muito para isso no começo, os próprios donos de escravos simplesmente os castigavam, o que gerava ainda mais revoltas. Isso criou uma grande dor de cabeça aos políticos, então resolveram dar alguns direitos à esses escravos. Eles agora podiam ir ao Circus Maximus, porém nem sempre resolvia o problema.

Para diminuir as revoltas, o próprio imperador romano ia aos eventos no Circus, e lá dava pão para todos os espectadores, assim como sacrificava os escravos insurgentes na frente de todos, jogando-os aos leões ou forçando-os a lutar uns contra os outros até a morte.

Desde essa época, já se usava o golpe do "paternalismo" governamental, em prol da "erradicação" da carência popular, cujo objetivo real sempre foi a de manter sob controle a receptividade dos necessitados, por conta da "bondade" e "preocupação" dos governantes


No Brasil, a política do Pão e Circo está sendo resgatada e aperfeiçoada pelo atual governo, agora atendendo pelo nome de "Bolsa Família", como sendo a melhor forma de distribuição de renda aos mais pobres (versão mequetrefe da ideia dos vouchers, concebida em 1955 por Milton Friedman, economista laureado com o Nobel e pesquisador sênior da Hoover Institution, da Universidade Stanford) - FHC criou os precursores do "Bolsa-Família", o governo atual remodelou o "bolsa escola" e transformou no Bolsa-Família - Nunca, em hipótese nenhuma, os problemas de fome e desemprego de um país podem ser resolvidos com o pagamento de esmolas aos necessitados, de forma permanente, porque essa forma de dependência cômoda cria cada vez mais cidadãos desocupados e indolentes, com isso aumentando os gastos públicos (dinheiro arrecadado dos contribuintes que trabalham), sem que haja algum retorno de produtividade ao país. É fato que existem famílias miseráveis que ainda passam fome, e neste ponto a ajuda é muito bem vinda. Por outro lado, essa benevolência governamental passa a garantir um curral eleitoral de grandes proporções, provocando assim um alto índice de "aprovação" do eleitorado.

Basicamente os miseráveis que dependem do Bolsa-Família votam em Dilma, com medo de perder o beneficio, assim transformando esse golpe baixo paternalista em solução para a desigualdade social do País e mantendo o projeto de poder petista.

Ao invés dos circos romanos, dos gladiadores lutando no Coliseu, temos nossos estádios de futebol e seus times com dívidas e salários milionários. O brasileiro é apaixonado por futebol e assim como os romanos iam em peso com suas melhores roupas assistir as lutas nos seus estádios. O efeito político também é o mesmo nas duas épocas: os problemas são esquecidos e só pensamos nos resultados das partidas.

Essa pratica não é de hoje, é óbvio. Mesmo na ditadura o governo sempre se utilizou da paixão do brasileiro pelo futebol como ópio para manter o povo alienado. Em 1970, o ano que o Brasil ganhou o tricampeonato, houveram mais torturas e mortes pelo governo militar que qualquer outro ano do período da ditadura.

A Copa do Mundo, como todos sabem, é realizada em cada 4 anos, Curiosamente passamos a escolher nossos principais governantes no mesmo ano que os olhos da maioria da população estão voltados para a competição mais importante do esporte preferido do povo brasileiro. É muita coincidência para ser puro acaso. Óbvio que a Copa do Mundo não foi criada para desviar a atenção das eleições, mas sim, que estas foram colocadas no mesmo ano que a copa.


Copa do mundo 2014 - Estima-se que o custo para a realização da copa de 2010 ultrapasse 10 bilhões de dólares. Isso é só uma previsão inicial. Lembrem-se: o Pan-americano 2007 custou seis vezes o valor previsto. Tente adivinhar quem irá pagar a conta? Novamente a politica do Pão e Circo.

Segundo economistas não governamentais, o governo neste final de mandato está afogado por uma imensidão de projetos e que, de repente, se vê sem quaisquer recursos para o PAC, (cujo programa inclui até obras prontas, num claro sinal de falta de controle), para as obras da Copa do Mundo, para as da Olimpíada, para o trem-bala, para financiar a expansão da produção para que a economia cresça pelo menos 5% ao ano.

Lula pretende assinar um decreto permitindo que as 12 cidades-sede da Copa extrapolem o limite de endividamento previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. A intenção do governo é facilitar os gastos públicos e diminuir os entraves burocráticos para sua aprovação.
Nossa infra-estrutura está caindo aos pedaços: problemas em estradas, portos, aeroportos e na geração de energia elétrica, para citar apenas alguns. Há crises em várias esferas: desmatamento desenfreado na Amazônia, polícia e forças armadas mal-equipadas, da saúde pública sucateada, professores sem formação ou remuneração adequadas, previdência falida.

E no final quem irá pagar tudo isso, somos nós o povo, através de impostos e taxas. Alguém ouviu sobre a volta da CPMF?

Em tempo, não pensem que os tucanos e José Serra fariam diferente. Eles se pudessem (tivessem a mínima competência para vencer as eleições) fariam exatamente igual, ou pior.

A política do Pão e Circo (Bolsa Família e futebol) é a maneira mais deprimente de se violentar as leis democráticas, pelo caminho legal. O governo deveria preocupar-se em preparar o povo para ser útil ao crescimento de seu país, dando-lhes condições abundantes para a alfabetização e aprendizado tecnológico necessário para seu ingresso no mercado de trabalho, através de subsídios temporários aos mais carentes, a título de empréstimo sem juros a ser reembolsado, a longo prazo, por conta dos resultados do próprio trabalho profissional, oferecendo assim a esse trabalhador o resgate da sua dignidade de cidadão.

Fontes:

A tribuna
Artigonal
Besteirol Caprichado
Questões Insanas

Imagens: Google Imagens

Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

Adrian Rogers, 1931

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Recomenda-se ao comentarista que submeta seu texto a um corretor ortográfico.

Pede-se o uso de parágrafo, acrescentando-se um espaço entre uma linha e outra.

O blog deletará texto só com letras MAIÚSCULAS.


"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)