Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Coluna do Antonio Vargas: Uma breve experiência no Metal Portugues



Prezados leitores

            Após um grande inverno, resolvi escrever-lhes. Recentemente fiz uma viagem de caráter pessoal e familiar. Tirei férias depois de 14 anos ininterruptos de trabalho foi importante para poder descansar e reciclar energias. Sem contar que foi uma experiência importante e única conhecer minha segunda pátria. Conforme relatei aos amigos/irmãos mais próximos, eu vivi as minhas "Roots Bloody Roots" na cidade de minha avó materna. Experiência ímpar!

            Voltando agora com força total, venho a compartilhar minha breve experiência no cenário underground em Portugal, no dia 22 de setembro de 2012.

  Em primeiro lugar, gostaria de agradecer de coração a receptividade dos amigos lusos Fernando Martins e Victor Matos da banda Web e, Rui Silva e Rui Alves (Raça) da banda Revolution Within, a anfitriã e organizadora do evento. Nesta data, a banda estava lançando o seu excelente cd.


Relatando o show para os leitores "brazucas", enalteço a organização do evento. Impecável! O local foi muito bem escolhido. O Hard Club é lugar excelente para eventos (https://www.facebook.com/HardClubPorto/info ). Evento realizado com maestria, bom equipamento, limpeza e, principalmente, cumpre os horários. Havia respeito dos organizadores do show para com as bandas e o público. O público interagiu de forma excepcional.



         
         
            Quando cheguei ao local já tinham começado as apresentações de outras bandas e, sendo assim, não posso falar sobre estas. Contudo, a Web (Thrash Metal) fez um show excelente. A banda possui 2 cds World Wild Web(2003) e Deviance (2007)  porém, o set list  foi pautado no mais recente com as músicas: Life Agression, Mortal Soul, Resilient Casket, Awake, As We Crawl, (In)Sanity e Beautiful Obsession. A banda teve a atenção do público por todos os momentos, com um carisma grande principalmente do "front man" Fernando Martins e do guitarrista Victor Matos, uma figuraça! Executaram um thrash metal de primeira linha, com perfomance e técnica impecável. Seria injusto esquecer a atuação do excelente guitarrista Filipe Ferreira. O gajo toca muito, pah. Como dizemos no Brasil o show foi "fodástico". Para maiores informações segue o link www.webthrashmetal.com.

            Depois de aproximadamente 20 minutos de intervalo, a banda Revolution Within sobe ao palco para lançar o cd " Straight from within". Simplesmente o show desta banda tem uma energia acima do normal. O "front man" Rui Alves (Raça) é muito carismático, com excelente perfomance. Isso sem contar a apresentação do baterista Rui Silva, que foi impecável. Toda a banda tem um trabalho muito interessante, perfeito entrosamento das cordas de Nuno (baixista), Adriano e Matador (guitars), chegando em alguns momentos soar como a Dew Scented. O set list estava baseado nos dois álbuns gravados, Collision (2009) e Straight from Within (2012). Eis aqui as músicas executadas com energia fora do normal: Dissparence, Pure Hate, Silence, Without Recognition, Revenge Now, Anger mode:On, Stand Tall, Straight from Within, Pull the Trigger, Bleed, Evil(ution), Surrounded by Evil e Unleash the anger. A sintonia com o público foi perfeita. Show memorável. A felicidade dos músicos por estar ali era inexplicável. (http://www.myspace.com/revolutionwithinpt)

            Momentos antes do show, estava conversando com os amigos e obtive algumas informações que servem de reflexões para o cenário underground brasileiro.
            Caros leitores brasileiros (as), para informação de vocês Portugal tem hoje  aproximadamente 11 milhões de habitantes. Há tempos atrás, segundo as informações que ouvi e entendi, o público lá andou desunido por alguns momentos. Tudo isto ocorreu  por conta do radicalismo dos estilos. Quando eles perceberam que estavam afundando o navio, resolveram unir-se e estão construindo um cenário melhor. Há radicalismo e problemas? Sim como em qualquer lugar do mundo porém, conseguiram fazer um evento auto sustentável, com boa convivência entre os estilos, qualidade e respeito aos musicistas e ao público. Banheiros e bar limpos e, as pessoas que estavam trabalhando para o evento atendendo ao público com educação e simpatia.

            Pergunto-vos: Por que será que na do República Federativa do Brasil, que tem uma população 22 vezes maior que Portugal, não consegue-se fazer eventos de pequeno e médio porte com este padrão em nenhum dos seus 27 estados federativos? Será que as bandas que fazem exigências mínimas para realizarem seus trabalhos precisam ser retaliadas pelos produtores de shows no Brasil? Será que mediante ao enorme celeiro musical que temos, não existem bandas autorais boas ao ponto de atrair público para incentivar e apoiar o metal brasileiro? Qual é o problema dos eventos começarem no horário marcado e divulgado?

            Há bons produtores na cena brasileira? Sim mas eles são como  uma agulha no meio de um palheiro. Contamos nos dedos de uma das mãos os que tem  a capacidade, ética, profissionalismo, cultura e educação para trabalhar de forma adequada.

            Espero que essas perguntas que faço nesse artigo sirvam-nos de reflexão para todo o "underground" brasileiro. Porém, eu os alerto: o que tive prazer de ver os gajos fazendo é justamente aquilo que reclamo, luto e acredito desde 1996 quando comecei as minhas atividades como musicista. Se em Portugal já conseguiram recuperar a "cena", eu cá não sei. Certamente o futuro nos dirá mas tenho certeza que se mantiverem esse padarão, eu vos afirmo que estão no caminho certo.

            Já tive o desprazer de ver muitas bandas e musicistas talentosos desistirem de "ter" e "ser" banda por falta de oportunidades e respeito vindo dos espaços e organizadores de shows. Já vi muitas vezes o público deixar de pagar R$ 10,00 num ingresso para entrar no evento das bandas autorais brasileiras para ficar bebendo no boteco ao passo que pagam R$ 300,00 para as bandas gringas. Já vi muitas vezes produtores perderem finanças e bens pessoais porque tomaram prejuízos nos eventos que tentaram organizar porque o público não esteve presente.  Conforme já disse em entrevista ao http://riometal.blogspot.com.br/ : "sem público na há receita, sem grana não há estrutura, sem locais para tocar e público que apoie as bandas autorais estas acabam se desmotivando e encerrando atividades." Essa equação é simples de resolver mas depende da boa vontade, união e consciência de todos que integram o metal brasileiro.

 FORÇA E UNIÃO AO METAL NACIONAL BRASILEIRO PARA QUE POSSAMOS NOS REFORMULAR E RECONSTRUIR EM DEFINIVITO.






     
   


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Recomenda-se ao comentarista que submeta seu texto a um corretor ortográfico.

Pede-se o uso de parágrafo, acrescentando-se um espaço entre uma linha e outra.

O blog deletará texto só com letras MAIÚSCULAS.


"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)