Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Índios Guarani-Kaiowá anunciam suicídio coletivo no Mato Grosso do Sul




Sinto muito informa-los, (para aqueles que sabem, é claro) mas Kaiowas não é apenas uma musica instrumental do Sepultura numa fase rejeitada por muitos fãs. O assunto é sério e merece nossa atenção e horror diante dos fatos narrados a seguir.

Fonte: torturanuncamais-rj.org.br
Uol, Epoca

A população Indígena das Américas foi quase liquidada pelos conquistadores europeus. Em poucas décadas, o número de indígenas que restava na América Espanhola caiu a 10% do que foi na Descoberta. No Brasil, os 6 milhões de nativos viram-se reduzidos a 240 mil de agora, através de um genocídio lento e não menos cruel do que o da colônia espanhola. Hoje, milhares destes descendentes dos antigos senhores das terras brasileiras erram como bugres pela campo, tratando de vender o seu trabalho a qualquer preço, ou terminam mergulhados na vasta miséria das nossas cidades.

O desaldeamento, a marginalização, a morte cultural e a pobreza entre os índios são conseqüência da expulsão e da perda de suas terras. Terras que outrora, antes de serem profanadas pelo Branco e pelo dinheiro, existiam no tempo primordial em que o mundo era sagrado e o índio o celebrava na harmonia de suas vidas e na proliferação de seu saber.

Uma carta assinada pelos líderes indígenas da aldeia Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, e remetida ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), anuncia o suicídio coletivo de 170 homens, mulheres e crianças se a Justiça Federal mandar retirar o grupo da Fazenda Cambará, onde estão acampados provisoriamente às margens do rio Hovy, no município de Naviraí. Os índios pedem há vários anos a demarcação das suas terras tradicionais, hoje ocupadas por fazendeiros e guardadas por pistoleiros. O líder do PV na Câmara, deputado Sarney Filho (MA), enviou carta ao ministro da Justiça pedindo providências para evitar a tragédia.

Na longa agonia da população indígena, o drama do povo Guarani-Kaiowá é um dos mais tristes: vendo seu universo destruído e tendo perdido para sempre o modo verdadeiro e justo de ser Guarani, os Kaiowás resolveram se matar. Nos últimos anos, houve centenas de suicídios entre os Kaiowás que vivem no Mato Grosso do Sul. Verifica-se uma porcentagem de suicídios 25 vezes superior à registrada no resto do País.


O suicídio é o apelo deste povo contra a interdição do seu futura e contra seus dias de miséria e violência. A pobreza entre os Guarani-Kaiowá vem desde os primeiros contatos com os brancos e aumentou com o agravamento dos conflitos fundiários; antigos ocupantes de milhares de milhares de terra do Estado, os Kaiowás tiveram seu território reduzido a 45 mil hectares identificados pela administração federal como áreas indígenas. Nos últimos dez anos, no entanto, foi-lhes tomada a metade dessa área, restando-lhes em grande parte, terras de má qualidade ocupadas por pastagens.

Nós (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.

Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós.  Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.

Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.
Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.

Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para  jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.

Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.

Atenciosamente, Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay



Comentário: Este assunto não está sendo divulgado nos principais meios de comunicação como deveria, mantendo o fato e a verdade oculta. jogado debaixo de um tapete da vergonha, corrupção e total falta de respeito à vida e o direito de viver com dignidade.

O que você pode fazer a respeito? Divulgue, comente com seus familiares, seus amigos, seus colegas, nas redes sociais e em todos os locais possíveis. Deixemos um pouco de lado nossas futilidades, nossa total alienação e inércia para algo importante. Para uma tragédia, um massacre que vem se prolongando por mais de 500 anos.

3 comentários:

  1. isso e um absurdo pq indios viver da natureza, e o governo e sujo de ter tirado o precioso territorio desse indios...e por favor ajude a espalhar essa noticia para que possamos ajudar e previnir que isso aconteca mais um avez.

    ResponderExcluir
  2. livres como nasçeran sem ser escravizados colonizados eles foran felizes sen ter a civilizaçao fasendo parte da vida deles estou muito treiste de saber que tantas pessouas morreran,,,,,,,,porquer

    ResponderExcluir
  3. e un absurdo o que eu acabei de ler, eles eran livres so queria.viver en,liberdade sen teren ninguen dizendo o que ,e certo ou errado eles nao querian viver as nossas formas de vida sera que era errado viver como eles, queria viver.liberdade natureza feliz no mumdo so deles foi e pecado querer ser livres.

    ResponderExcluir

Recomenda-se ao comentarista que submeta seu texto a um corretor ortográfico.

Pede-se o uso de parágrafo, acrescentando-se um espaço entre uma linha e outra.

O blog deletará texto só com letras MAIÚSCULAS.


"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)