Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Editorial: A receita Bolivariana

por: Wilson Agostinho.

A imprensa noticiou que o primeiro mandatário do Equador, Sr. Rafael Corrêa, enviou mensagem ao Legislativo com o seguinte conteúdo: “Eu decidi pedir para o nosso bloco na Assembleia que a Constituição seja alterada para estabelecer a reeleição por tempo indefinido em todas as posições de eleição popular para que o povo possa escolher quem continua e quem alterna". Ele já foi eleito duas vezes, inclusive usando um artifício de encurtar o primeiro mandato, para, após alteração da Constituição, poder ser candidato novamente, o que não era permitido. Como possui maioria no Legislativo, o desejo dele deverá ser aprovado e teremos um novo “presidente perpétuo”, a exemplo do falecido Hugo Chávez. Somente sairá do poder morto e, possivelmente, nomeando seu sucessor, a exemplo de outros países bolivarianos. Na Argentina, a dinastia Kirchner. Na Nicarágua, Daniel Ortega. Na Bolívia, Evo Morales e por ai vai.

O receituário é o mesmo. Utilizando-se das fragilidades da democracia, um candidato bolivariano é eleito e ao tomar as rédeas do poder, altera a Constituição, para perpetuação no poder ou pessoalmente ou através de uma marionete escolhida por ele.

No antigo Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, sob a direção do seu então chefe Luiz Gushiken, um dos cenários prospectivos traçados partia da premissa de que Lula seria o presidente da República em 2022, ano de comemoração do bicentenário da independência do Brasil. Ora, isto só seria possível de acontecer nas seguintes hipóteses: na primeira, Lula conseguiria obter via plebiscitária o direito de concorrer “ad aeternum” à presidência, a semelhança do conseguido por Chávez e outros. Na segunda, caso não conseguisse seu intento, elegeria um títere em 2010, retornando ao poder em 2014, sendo reeleito em 2018 e permanecendo no poder até 2022. A primeira hipótese não ocorreu.

Como a presidente Dilma não abriu mão da reeleição, caso ela ganhe, ele adiará seu projeto para 2018. Caso ela perca, o vencedor viverá um verdadeiro inferno, pois a situação econômica do país exigirá medidas drásticas e impopulares, após as eleições, além da sabotagem previsível a ser implementada pelos milhares de petistas enquistados em cargos de relevância na máquina governamental, em aliança com os ditos "movimentos sociais", sob o comando dos recursos oriundos dos atuais detentores do poder político, facilitando seu retorno "triunfal".

Desta forma, o PT permaneceria no poder para sempre, pois após 16 anos de administração petista (incluindo-se o período 2014/2018 ou 2018/2022, é evidente o quase completo domínio de todas as fontes de poder por ele. Mais da metade dos componentes das mais altas cortes de Justiça do Brasil foi nomeada por Lula ou Dilma. Já possuem a maioria formal no STF. Com mais uma nomeação, obterão o controle total. O Legislativo é inteiramente submisso aos seus caprichos. Inexiste uma oposição digna deste qualificativo. Os sindicatos foram cooptados. Até as lideranças estudantis foram anuladas. A mídia, com raras exceções, depende das verbas de publicidade da União e das estatais. Quem diverge e verbaliza sua crítica é silenciado. A exposição "positiva" de Lula/Dilma é digna de um plano de Goebbels. Atualmente, ela aparece todos os dias em praticamente todos os principais veículos de comunicação, em especial na televisão, mais vista pelas classes C, D e E, segmentos mais importantes em uma eleição, a exemplo de Lula, seguindo o modelo: "pai dos pobres" e "mãe dos ricos", aliança imbatível.

Com a insegurança propiciada pela adoção das urnas eletrônicas de primeira geração e com o mote “O bicho vai pegar”, o pleito de outubro promete ser um dos mais agressivos da história pátria. Após a realização da Copa, o país vivenciará dias muito difíceis. A posição da Sra. Marina merece ser estudada com calma. Oriunda do PT e defensora de teses "agradáveis" aos interesses da "oligarquia anglo-saxônica" ela vai, pouco a pouco, dinamitando a estrada de cooperação construída por Aécio/Campos, tornando este último seu refém e sinalizando que partirá no segundo turno para a neutralidade ou mesmo para o apoio aos petistas.

Estaria consolidada, de maneira irreversível, uma ditadura constitucional brasileira, sem perspectiva de reversão. E o quadro de 2014 é assustador. Qualquer um dos principais candidatos apresentados até agora (Dilma. Aécio, Campos) representa a continuação da mesma política de submissão aos interesses da banca internacional. Caso o PT vença, será imposta uma reforma política bolivariana, a censura velada aos meios de comunicação e outras medidas ditatoriais previstas no PNDH-3.

Será que os outros partidos políticos aliados dos petistas, bem como a classe empresarial ainda não perceberam o perigo real existente? A consequência natural da concretização deste plano sinistro será a redução a pó de qualquer vestígio de importância de ambos os segmentos e a implantação de uma ditadura branca baseada no binômio ilusionismo/cleptocracia.

Comentário: As previsões de Wilson, são bem realistas. Ainda mais se observamos a recente proposta de Dilma em modificar o sistema brasileiro de governo com o Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). O decreto cria um sistema para que a "sociedade civil", representada pelos movimentos sociais, participe diretamente em "todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta", e também nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas de diálogo, etc. Tudo segundo o decreto, tem como objetivo de "consolidar a participação social como método de governo".

O que parece ser uma abertura para a participação do povo nas grandes mudanças do pais é uma grande armadilha. 'sociedade civil' ao contrário do que aparenta não somos eu e você - O Decreto 8.243, apesar das suas palavras de efeito, tem como efeito a antidemocrática. Ele fere o princípio básico da igualdade democrática ("uma pessoa, um voto") ao dar a alguns determinados cidadãos "iluminados" (aqueles que são politicamente alinhados a uma ideia) sejam mais ouvidos - A menos que você faça parte de algum movimento social subvencionado pelo governo (MST, Sindicatos, CUT, UNE, ONG's e todo aquele pessoal que costuma fazer da sua vida um inferno na volta do trabalho para casa por exemplo...) seu voto passará a valer menos.

De nova essa proposta não tem nada. Caso não esteja claro eu sugiro que estudem mais sobre como é o governo na Venezuela e como eram os Sovietes na antiga URSS.

Enquanto isso o PT permanece na dúvida de eufemismo irá usar para batizar sua proposta de controlar tudo aquilo que for dito sobre seu governo pela imprensa. A principio permanece "Democratização da mídia" mas pode ser "Regulação", já os militares preferiram usar uma sigla chamada "AI-5".

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