Uma das marcas registradas da esquerda é a neurose. Negam-se a enxergar a realidade que está distante de seus olhos em favor de seus devaneios.
Como exemplo, basta ver como comemoraram a primeira eleição de Dilma e de Obama não pelos méritos destes, mas pelo mero fato de terem sido o primeiro presidente negro e a primeira presidente mulher. Falam muito de que precisamos de mais mulheres na política porque falta representação. Se a diferença de representação de determinados grupos em determinados cargos é um problema, por que nada se fala sobre a falta de mulheres em profissões como pedreiros, carpinteiros e profissionais de TI e sobre a falta de homens em ocupações como costureiros, babás e secretários. Quanto à isto, faço eco a uma pergunta feita por Thomas Sowell: por que esperar que grupos diferentes façam a mesma coisa?
Parece não lhes passar pela cabeça que representatividade política é antes de tudo representatividade de ideias, e não de gênero, etnia ou classe social. Se fosse, mulheres só votariam em mulheres e homens só votariam em homens. Alguém realmente acredita que Dilma e Maria do Rosário realmente representam a mulher brasileira?
Claro, isto tudo pode mudar se estivermos falando de países autoritários e coletivistas. Como bem colocado por Friedrich Hayek, uma sociedade coletivista irá se interessar muito mais pela vida privada dos cidadãos, uma vez que, na ótica coletivista, todos devem visar a um mesmo objetivo e o indivíduo se torna uma mera engrenagem na "máquina social". Tal maneira de organizar a sociedade encontra poucos impedimentos para reprimir a individualidade de seus cidadãos se considerarem que determinada característica irá contra o projeto de sociedade imposto por seus dirigentes. Uma sociedade individualista - que enxerga cada indivíduo como um fim em si mesmo - tende a ser muito mais tolerante, uma vez que não é a sociedade, mas sim cada indivíduo, quem possui planos, desejos e objetivos. Para o individualista coerente, as realizações e virtudes do indivíduo estão acima de sua orientação sexual, sexo ou etnia. No individualismo, a dignidade da pessoa depende de seu caráter e atitudes. No coletivismo, depende de seu pertencimento e de sua lealdade a determinado grupo.
Sendo assim, uma das grandes virtudes de uma sociedade livre é que os indivíduos podem expressar melhor sua individualidade sem medo de represálias. Na Venezuela chavista, policiais homossexuais são obrigados a ocultar sua orientação sexual. Desta forma, coisas banais - ou mesmo completamente irrelevantes - em uma sociedade livre se tornam uma grande conquista em uma sociedade totalitária. Ter um negro no congresso em um Apartheid não é o mesmo que ter um negro no congresso em uma sociedade livre e tolerante. Da mesma forma, o fato da oposição venezuelana ter elegido uma congressista transexual em um regime altamente intolerante contra homossexuais e transexuais se torna um importante ato simbólico, ao passo que não há motivos para considerar isto uma grande conquista em uma cultura individualista, onde todos têm as mesmas chances de almejar tal cargo. O que não significa que todos conseguirão. Praticamente não temos anões ou aleijados no congresso. Por acaso isso implica que os estamos discriminando?
Podemos fazer outra analogia para explicar melhor isto. Em um país pobre onde apenas 10% da população é alfabetizada, saber ler e escrever seria um grande mérito. Algo completamente banal em sociedades mais prósperas.
Onde quero chegar com isso? Simples. A reação da esquerda, quando se fala de "representatividade da mulher" na política ou similares, é coerente com a de um individualista comemorando o que seria uma grande conquista em um país coletivista, ainda que tais eventos tenham ocorrido em países altamente individualistas e tolerantes. Ao mesmo tempo, quando os resultados não são o que esperam, promovem ainda mais coletivismo (como cotas), julgando novamente o indivíduo apenas de acordo com uma identidade grupal, e não por seu caráter e suas ações. Ou seja: promovem como pauta ou como conquista algo que só seria uma conquista de fato em um país totalitário. É como se dissessem que não há diferença entre eleger um presidente negro nos EUA e outro em pleno Apartheid. Ou como se o fato do Brasil eleger um deputado gay fosse um avanço equivalente a eleger um deputado gay num país onde há pena de morte para a homossexualidade.
Este fato, mais do que tudo, demonstra a total incapacidade da esquerda de dialogar com a realidade.
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