Millor Fernandes:


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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

No Brasil preços de shows subiram muito acima da inflação e do dólar na última década

O Globo - RIO - O Brasil virou rota obrigatória das turnês internacionais. O problema, no entanto, é custear todas essas apresentações. Cada vez que o preço dos ingressos é divulgado, a sensação é de que a inflação do país aumentou demais. Em menos de dez anos, a diferença de preços entre dois festivais de grande porte - o Rock in Rio, de 2001, e o SWU , que acontece em outubro - subiu 1.729%. Acima da inflação e do dólar, a alta dos ingressos deixa os fãs apavorados. Os produtores, como de costume, culpam a meia-entrada pelos preços estratosféricos. Mas será ela a única vilã nessa história?

- O dólar subiu muito, a inflação idem, e não é tão fácil trazer um artista para o Brasil quanto levar para os Estados Unidos - justifica Milkon Chriesler, sócio-diretor da The Groove Concept, empresa que está produzindo o festival SWU, o mais novo alvo de reclamações.

Segundo dados do IBGE, a inflação acumulada de janeiro de 2001 até junho de 2010 é de 84,78%. O dólar hoje está, inclusive, mais barato do que naquela época: em janeiro de 2001, variou entre R$ 1,93 e R$ 1,97. Na última sexta-feira, foi cotado a R$ 1,77.

O SWU de Chriesler reunirá em outubro, numa fazenda em Itu (SP), bandas como Rage Against the Machine , Pixies, Linkin Park e Kings of Leon. Os ingressos para cada dia custam entre R$ 240 (pista comum) e R$ 640 (pista premium). Para efeito de comparação, um dia do Rock in Rio, que aconteceu em 2001, custava R$ 35 e hoje, reajustado aos valores da inflação, valeria R$ 64,67. Em Chicago, o Lollapalooza custou US$ 90 por dia, algo como R$ 159,30.

- Para os padrões brasileiros, o preço do ingresso do SWU é caro. Mas isso depende do público-alvo do show. Se for a classe A, o valor é indiferente, já que eles têm poder de compra. Classe B até consegue ir, se fizer cortes no orçamento e parcelas. Mas classes C e D nem pensar. Três variáveis provocam esse custo: 20% devem ser destinados à infra-estrutura, 40% às bandas e os outros 40% são o lucro - esclarece Francisco Barone, economista da EBAPE/FVG.

Outro show inflacionado é o do Rush . A banda se apresentou no Maracanã, em 2002, custando entre R$ 60 e R$ 80. Em 2010, o grupo volta ao Brasil com ingressos entre R$ 220 e R$ 500. Procurada pelo GLOBO para esclarecer os custos de produção da apresentação e justificar o aumento do preço máximo em 525% entre um show e outro, a Time For Fun, responsável pela vinda da banda, não quis se pronunciar.

A meia-entrada, por sua vez, mantém o posto de inimiga dos preços baixos, segundo produtores da indústria do entretenimento brasileira.

- A conta, infelizmente, precisa ser feita com base na meia-entrada. Há países, como a Bélgica, que trabalham com meia-entrada, mas o governo subsidia a outra metade.

Mas tem quem abrace o benefício da redução em 50% do preço dos ingressos sem prejudicar os que não têm direito à meia-entrada. Shilon Zygielszyper, produtor do Circo Voador, explica a política da casa de shows, situada na Lapa, de fornecer meia-entrada a quem doar 1 kg de alimento.

Fonte: http://ingressojusto.blogspot.com

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