Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Pelo direito de ser honesto em um pais corrupto

Fonte - O Globo

O bom exemplo do motorista Joilson Chagas, de 31 anos, que devolveu ao dono os R$ 74.800 encontrados no ônibus que dirigia, na semana passada, virou motivo de chacota de alguns colegas. Ele lamentou que, enquanto descansava no dormitório da empresa, em Nova Friburgo, jogaram o seu crachá no vaso sanitário e escreveram na parede do banheiro "Chagas otário". Chagas - que perdeu a casa na enxurrada de janeiro - não se arrepende de seu gesto:

- O dinheiro não era meu. É bom ficar com o que é nosso.

Em casa, o motorista recebeu o apoio da mulher - grávida de cinco meses - e do filho de 14 anos.

- Espero que meu filho chegue na minha idade com a minha cabeça - disse ele.

Já a Viação 1001, onde Chagas trabalha há quatro anos e meio e ganha cerca de R$ 1.400 por mês, quer valorizar a sua atitude. A empresa informou que estão sendo estudadas uma homenagem e até uma promoção.

Espero mesmo que a 1001 faça de Joilson um exemplo para seus funcionários e que. se possível identifique e puna os bossais que fizeram chacota de seu gesto nobre.

Se aguem souber quem são divulgue para sabermos que tipo de gente pode estar nos conduzindo em uma viagem.

Eu queria muito escrever um longo discurso, a respeito do ato deste motorista, que merece receber uma dessas condecorações e honrarias que nossos governantes costumam dar a politiqueiros e celebridades insignificantes. Uma moção de aplauso seria o mínimo.

Como não sou de esperar nada do governo, fica a minha homenagem.

A Joilson Chagas uma salva de palmas:

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"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)