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quinta-feira, 14 de abril de 2016

A Esquerda vive de narrativas: Parte 3

Por: Kleryston Negreiros

Quando falo de narrativas em minhas aulas, apresento a meus alunos o conceito de verossimilhança. E o que é esse conceito? É a forma como um autor de ficção conecta o leitor a sua trama utilizando elementos ou fazer parecer real até mesmo enredo que não fazem parte da realidade como narrativas futuristas ou fantasmagóricas. Ele nos convence de que aquilo que racionalmente acreditamos ser impossível, naquele mundo é real.

E esse recurso é fartamente explorado pela esquerda em seus discursos criando narrativas que, por mais ilógicas e impossíveis de acontecer de forma concreta, levam pessoas em todos os níveis de escolarização a acreditarem em contos de fadas ou ideias que poderiam ter saídas das piores obras ficcionais. Ideias tão contraditórias em suas estruturas, mas que, ao serem assimiladas, levam ao embotamento do pensamento racional e assim controlam a narrativa social. Para exemplificar o que digo, vamos analisar a situação do ensino público e sua surreal narrativa.

A ideia que é vendida começa ainda na universidade. Lá,  descobrimos que o Estado deve zelar pela educação, que instituições de ensino privado visam só ao lucro em detrimento da qualidade do trabalho e é na rede pública que o professor pode exercer seu trabalho com liberdade libertando os alunos de suas amarras sociais. Somos exposto a nomes como Foucalt, Chomsky, Paulo Freire, Jameson e tantos outros que demonizavam o Capitalismo e aplaudiam ideias intervencionistas. 

Então essa leva de novos professores engrossam as fileiras da docência militante. Cheios de ideais, disputam as vagas na rede pública de ensino, pois acreditam que é lá que salvarão a educação,  lá que promoverão a tão alardeada nos bancos acadêmicos emancipação do povo oprimido. Eles acreditam nisso. E por acreditarem (já que foram ensinados a acreditar) levam esses ideais para seus novos alunos.

Com o tempo, essas crianças começam também a idolatrar o deus Estado, começam a assimilar a fantasia e aceitar como dogma de fé que é ele, o Estado, o responsável por todas as benesses, que é através dele que conseguiram vencer na vida e que o caminho do funcionalismo público (sonho de consumo da maioria) passa pela educação emancipadora que ouvem a todo instante dos professores sofredores.

E está criado o cenário de incongruência e desconexão com a realidade. A esquerda, com essa prática,  vende uma mundo dos sonhos, embota a realidade e faz com que até aqueles que deveriam ser guias pensem de forma contraditória e com total incapacidade de racionalizar.

Como diz Rand, podemos fugir da realidade mas não de suas consequências. Como a realidade educacional na rede pública é no mínimo precária tanto para professores quanto alunos, como o declínio e incapacidade de formar , papel primeiro das escolas, não é sequer almejado, esses atores dessa tragédia anunciada começam a reclamar e reivindicar melhorias, porém,  a quem é o principal responsável pelo estrago: o Estado. Como estes são exposto a uma narrativa em que os governos é que são os grandes provedores, ficam incapacitados de perceber o óbvio,  passam a agir como uma vítima com síndrome de Estocolmo: simpatizam e defendem seus algozes.

E esse é o cenário hoje no Rio de Janeiro. Um colapso total onde os mesmo que defendem o funcionalismo público como o caminho mais seguro, os mesmo que caçam concursos para professores para terem estabilidade se veem desesperados porque o grande provedor não é capaz de gerir e cumprir premissas básicas como o pagamento de salários. E fazem greves na vã tentativa de terem seus problemas resolvidos e se recusam a perceber que são aqueles a quem eles recorrem para lhes garantir benesses são os que lhes tiram até a dignidade.

Além disso, para tornar o quadro ainda mais absurdo, temos alunos - os maiores prejudicados nesse circo grotesco - defendendo aqueles que muitas vezes pouco se importam com eles, seguem o roteiro a que foram adestrados reivindicando melhorias que nunca acontecerão porque não querem que aconteçam.  E seguem proferindo slogans que mal sabem o sentido e não percebem que estão apenas sendo usados como coro de uma peça trágica e de mal gosto.

O mais triste disso tudo é que as maiores vítimas dessa vergonhosa situação (alunos e educadores) são os primeiros a defender seus algozes, são eles que internalizam a narrativa apresentada e por mais que a realidade os encarem, não a aceitam, não querem ver o óbvio,  por mais que sofram, recusam-se a ver a verdade óbvia porque já foram adestrados, porque os que detém o controle do enredo escreve a seu modo nefasto transformando a todos num personagem distópico, que mesmo depois de humilhado torturado e destruído pela máquina estatal, ainda declara amor ao líder opressor.


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A Esquerda vive de narrativas, não de fatos ou verdades

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