Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Manifesto contra o Funk Carioca: O Fascismo "Funk"

Darei inicio aqui a uma série de posts com artigos e textos de diversos blogueiros respeitados tratando desse cancer sonoro que assola, aliena e empobrece ainda mais as classes mais baixas e ganha cada dia mais espaço na mídia brasileira.

Esse artigo merece uma leitura cautelosa e uma profunda análise, para percebemos (se ainda não percebemos) o mal que está sendo feito ao nosso povo.


Texto extraído do blog O Kylocyclo

O "funk" tornou-se a camisa-de-força do povo pobre. O povo carioca virou refém do "funk" carioca. Até o samba virou refém dos funqueiros, que com seu lobby político e seu discurso engenhoso instalam sua ditadura, isto é, "ditabranda", para enganar até mesmo cientistas sociais e artistas.

O discurso "funk" é lindo, alegre, positivo, substancial. Mas a música que realmente significa o "funk" carioca nada tem a ver com essa retórica tão sedutora, desse "canto de sereia" que engana a todos que tenham alguma ingenuidade e fraqueza emocional.

Pois o "funk" não favorece em coisa alguma o povo pobre. Se favorecesse, teria resolvido até com certa agilidade o problema dos moradores da Baixada Fluminense, que perderam tudo nas chuvas. Pois esta é a sina do povo pobre, é o lado sombrio desse ideal do "orgulho de ser pobre", que só serve para promover o conformismo do povo pobre com o paliativo do paternalismo das autoridades.

A FARSA DO "ORGULHO DE SER POBRE"

Essa ideologia do "orgulho de ser pobre" foi até descrita pelo economista John Kenneth Galbraith no seu livro A cultura do Contentamento. As autoridades trabalham em propagar o mito do pobre "autosuficiente" para evitar tensões sociais. Cria-se um conformismo, uma ilusão de que o pobre nada mais precisa, que o que ele "precisa" já lhes é dado, e que basta apenas esses "bons selvagens" - como as elites veem o povo pobre - façam seu circo, explorando o máximo do grotesco, para toda a sociedade se sentir "feliz".

Essa "felicidade" do povo pobre é trabalhada até nas novelas da Rede Globo. Vejam as novelas das "oito", que mostram ricos problemáticos e angustiados contrastando com um núcleo pobre "feliz", "sem problemas", cômico e risonho. E o ufanismo esportivo comandado por Galvão Bueno na Globo, mas também seguido por Luciano do Valle e outros (alguém acha que a Bandeirantes, como um suposto mar-de-rosas da objetividade jornalística, não tem seus ataques de ufanismo?), também ilude os pobres com o espetáculo do "futebol feliz", do Brasil que "sempre vence" nas partidas de futebol.

Esse "orgulho" mostra o tom do discurso das elites para domesticar os pobres, em vez de lhes dar melhorias reais e efetivas. Pobre que rebola, dança na boquinha da garrafa ("coreografia" reciclada no "funk" como sendo "dança folclórica"), sorri feito um pangaré, esse sim é "feliz", "cumpre seu papel de cidadão". Mas pobres fazendo passeata, seja para pedir passarela sobre uma rodovia, seja para pedir um pedaço de terra, esses pobres são vistos como "marginais", "bandidos", "arruaceiros", "terroristas".

O FASCISMO "FUNK"

Do contrário que Bia Abramo afirma, perversa não é a rejeição que o "funk" do Rio de Janeiro sofre dos seus detratores. Perversa, isso sim, é a retórica em torno desse ritmo e todos os valores que isso significa.

Pois não se pode acreditar sequer no rótulo de "movimento cultural", obtido por vias políticas, e que não passa de mero apelo marqueteiro do "funk" para enriquecer seus empresários. Repete-se, tantas vezes for, que o discurso de defesa do "funk" contradiz sua realidade, porque o que se fala do "funk" é tudo lindo, tudo maravilhoso, tudo flores, mas é só por o CD no toca-discos ou ir a um "baile funk" para ver que essa retórica florida nada tem de verdadeira.

Falam que os que não gostam de "funk" são "preconceituosos", "invejosos", "moralistas" e outros adjetivos depreciativos. Falam como se o moralismo de hoje fosse totalmente igual ao de cem anos atrás. Não é. As comparações do "funk" com o samba e maxixe são totalmente sem fundamento. O samba e o maxixe não botaram o apelo sensual acima da música. O "funk" bota. Infelizmente, é preciso muito jogo de cintura para derrubar os argumentos contra nós, que rejeitamos o "funk" por conseguirmos enxergar tudo de negativo que há nesse ritmo.

Pois se trata de um movimento fascista, sim. O favelado, agora, só pode ser funqueiro. Virou camisa-de-força da periferia, que não pode mais se manifestar senão pela via do traseiro rebolativo, pela paródia de cantiga-de-roda sob uma reles batida eletrônica. O povo pobre não pode mais fazer música como Jackson do Pandeiro e Ataulfo Alves faziam, porque, pasmem todos, seria "ato de burguês".

Como é que em pleno Século XXI um ritmo totalmente troglodita, que é o "funk", quer se impor goela abaixo para toda a sociedade, pobre ou não, quer exigir o respeito que não pratica, porque o "funk" não respeita, é um par de glúteos peidando na nossa cara diante da TV.

O "funk" é o novo fascismo, num Brasil onde ter senso crítico é visto como ato anti-social. O "funk" quer prender o povo nas favelas, como a música brega original, de Waldick Soriano, quis prender o povo do interior no alcoolismo e na prostituição. O povo pobre busca dignidade, mas a música brega, a música neo-brega e o "funk" em particular, não deixa.

Tudo tem que passar pela vontade dos dirigentes e empresários funqueiros, pretensos representantes da classe pobre, gente velhaca, perversa, contra a qual é arriscado fazer reportagens investigativas. Todo o discurso de defesa tem que ser positivo, usando dos recursos mais avançados de narrativa, seja o new journalism que tempera as notícias com narrativa literária, seja a História das Mentalidades que narra o cotidiano dos anônimos.

Mas tudo é marketing no "funk". Tudo é como Goëbbels dizia: uma mentira veiculada mil vezes vira "verdade". O "funk" passou mais de quinze anos usando o jabaculê para dominar a mídia, e hoje diz que não faz e nem fez jabaculê. O "funk" promove verdadeiras armações, com ídolos de laboratório, totalmente risíveis, e diz que "não existe armação". O "funk" se autoproclama "tudo de bom" mas é só ver as notícias policiais para ver que a coisa é bem diferente.

Agora o "funk" se acha acima até mesmo de qualquer cultura fluminense. Ludibriou intelectuais e artistas, dominou eles feito os vilões de filmes de ficção científica, que se passam por "bonzinhos" e dominam suas vítimas. Quer prender o povo pobre na sua miséria, sob o pretexto de que "a favela é seu lugar". Como se as casas precariamente mal-construídas, residências improvisadas diante da exclusão do mercado imobiliário, fossem vistas como "arquitetura pós-moderna". Desde quando casa que é soterrada por um deslizamento de terra é "arquitetura pós-moderna"?

O favelado não está na favela porque quer. É porque ele não consegue comprar um apartamento. Assim como, no mundo brega, as prostitutas querem mudar de vida, estudarem na escola, virarem professoras. Mas o brega prende as prostitutas na prostituição. E prende os alcoolistas no alcoolismo. O brega e todos os seus derivados - inclusive o "funk" carioca - escravizam o povo, num fascismo tropical, comandado por empresários do entretenimento dos mais diversos, desde os do interior do país até os das grandes corporações de mídia do Sudeste. Se bem que existe grande mídia regional, também, existe uma grande mídia no interior que não é por ser paulista que vai deixar de funcionar como grande mídia, no sentido do poder manipulador das massas.

O "funk" faz mal ao povo. O povo quer se livrar do "funk". Os pobres querem melhoria de vida, querem cidadania, escola, saúde, trabalho. Não querem balançar os glúteos. Há muita moça pobre que sente nojo ao ver as grotescas musas do "funk", horrendamente pornográficas, terrivelmente chulas. Isso não é cidadania. Isso não é movimento cultural. Isso é grosseria gratuita, que maltrata o povo pobre e quer domesticá-lo através do "batidão", para que assim as verdadeiras rebeliões sociais sejam silenciadas e tudo garanta a manutenção de privilégios de políticos, empresários e tecnocratas.

5 comentários:

  1. "pretensos representantes da classe pobre, gente velhaca, perversa, contra a qual é arriscado fazer reportagens investigativas"


    Foda!

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  2. O funk é um cancro da sociedade, vivemos em meio a uma juventude arrogante, que se gaba por ser funkeiro, e não sabe fazer nenhuma nota no violão, não é capaz de tocar um chocalho, isso é saber apreciar a música? um pirralho que te olha por cima, por que consegue sexo facilmente num baile funk? vai passar a vida inteira sem ouvir Noel Rosa, Ademilde Fonseca, Adorinan Barbosa, tenho pena dessa geração...

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  3. Bom.. pra dizer a verdade, a juventude desta "Nova Hera" já esta perdida. Só um milagre para salvar essas almas.
    Eu já estou fardo de ver pessoas se desvalorizando com uma musica tão podre.
    Da qui pra frente vai ser muito pior, infelizmente, parece que só as pessoas que possuem um pingo de cultura consegue resistir ao Funk carioca.
    Musica? dês de quando Funk é musica?
    e eu concordo quando disse que, quando nós temos senso críticos, somos chamados de anti-social. E quando não gostamos de Funk somos "Preconceituosos".
    Este é o "Fim dos tempos"

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    1. se fosse so no RIO teriamos uma chance de escapar desta porcaria saindo da cidade o problema e que ja infestou o BRASIL so em um pais de primeiro mundo mesmo para gente se refugiar ese ver livre desta merda."aconta" dos funkeiros e dos que adoram vai chegar,uniao perfeita vadia e marginal.

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    2. se fosse so no RIO teriamos uma chance de escapar desta porcaria saindo da cidade o problema e que ja infestou o BRASIL so em um pais de primeiro mundo mesmo para gente se refugiar ese ver livre desta merda."aconta" dos funkeiros e dos que adoram vai chegar,uniao perfeita vadia e marginal.

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