Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Truculência: PM não consegue organizar uma fila sem agredir cidadão.

Hoje pela manhã no Maracanã milhares de pessoas aguardavam, alguns há dias, em uma fila na tentativa de garantir um lugar no jogo final que poderá dar o 6º título nacional (Hexa-campeão, me processe Sport) para o flamengo.

Eram cerca de 5 mil ingressos. E como esperado os ingressos acabaram rápido, óbvio que a maioria não conseguiria comprar, pois os cambistas costumam agir livremente nas filas invadindo na força ou furando. (Inclusive sei de relatos em que cambistas chegaram a ameaçar de morte quem na fila está caso não lhe ceda a sua frente, e até com agressão). Tudo na cara da PM.

Pois bem, era esperado que teria confusão e assim foi. Ja houve antes de começarem com as vendas. A PM tentou "organizar" a fila usando gaz de efeito moral. Bom, alguem me explica como isso pode organizar um fila?

Com o rápido término dos bilhetes, e aposto que a imensa maioria na mão de cambista e fura-fila. A grande maioria ficou sem ingresso na mão. Eis que o caos se instaura.

Com o fim dos ingressos, o novo tumulto era inevitável. Um grupo de policiais do batalhão de choque chegou ao Maracanã para tentar dispersar os torcedores. A rua Presidente Emilio Médice foi fechada. Parte da Radial Oeste, interditada. Policiais começaram a gritar "acabou, acabou". Não demorou para que a PM voltasse a soltar bombas de efeito moral e disparasse tiros de borracha para desfazer a fila de torcedores. A revolta dos torcedores foi grande.

- Passei a noite aqui e estou arriscado a apanhar dos policiais. Eles nem querem saber. Cadê os meus direitos - reclamou Joaquim Correa, de 57 anos, que veio de Volta Redonda.

Mas a situação era tensa. Muitas pessoas queriam esperar a multidão se desfazer para deixar o Maracanã. Nas redondezas do estádio os torcedores reclamavam de assaltos. Não havia policiamento.

- Não vou sair daqui. Estão assaltando todo mundo. Estou aqui quieta com o meu filho esperando a confusão acabar. É meu direito ficar aqui - reclamava com um policial uma torcedora assustada, que estava encostada na grade do Maracanã, ao lado do filho adolescente.

- Se você veio para cá nesta confusão, pode ir embora nela também. Não quero saber. Vou lhe dar cinco minutos para sair daqui - respondia, de forma agressiva, o policial que insistia que ela deixasse o local.

Fonte: Globo.com


OBS: Nesse meio tempo enquanto a PM espancava cidadãos que tentavam comprar ingressos já tinha cambista oferecendo livremente por 500 R$.

Alguns comentários

- Torço para que domingo esses elementos sejam roubados pela "gente fina" das organizadas e que apanhem muito.

- Definitivamente a policia militar não serve para oferecer segurança ao cidadão em situações como essas. Ela é um ensaio de como seria o Rio se fosse policiado pelo exercito. Militar não é treinado para lidar com cidadão, militar é treinado para usar a força, é treinado para a guerra. O despreparo e o uso desproporcional de força evidenciam minha tese de que a PM tem que acabar.

Eu defendo o fim do molde militar e a criação de uma nova policia preparada para lidar com cidadãos. E uma outra para cuidar do crime organizado com o mínimo de inteligencia e se preciso for metendo bala e usando truculência com quem realmente merece, com marginal.

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