Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Prefeitura de Teresópolis impede trabalho de equipes da Cruz Vermelha


Seis dias depois da tragédia e ainda com centenas de pessoas ilhadas e precisando de socorro, um incidente está atrapalhando os trabalhos de assistência aos desabrigados de Teresópolis na manhã desta segunda-feira.

De um lado, donativos que chegam às toneladas de todo o País; de outro, a falta de entrosamento entre a prefeitura de Teresópolis e organizações que tentam fazê-los chegar de modo mais eficiente a quem precisa, como a Cruz Vermelha e a Igreja Católica, cuja iniciativa, segundo voluntários, está sofrendo obstrução por parte do poder público. Até médicos foram impedidos de trabalhar. Enquanto isso, milhares de desabrigados ainda têm dificuldades para conseguir água, alimentos e artigos básicos para sua sobrevivência.

Membros da Cruz Vermelha e voluntários que trabalham na cidade acusam a prefeitura de Teresópolis de suspender a assistência que vinha sendo prestada pelo grupo à população da cidade. A prefeitura, no entanto, diz que está trabalhando em parceria com a organização humanitária e que, juntas, estão empenhadas em ajudar a quem precisa. "Este é o objetivo: trabalhar em conjunto em prol da população e das pessoas atingidas pelo forte temporal que assolou a Região Serrana", diz a nota. O prefeito de Teresópolis, Jorge Mário Sedlacek, negou que houvesse qualquer problema de entendimento.

A assistente social da Cruz Vermelha, Eliane Moraes Leite, tem outra versão. Ela diz que a prefeitura teria decidido no domingo que a Cruz Vermelha não poderia mais atuar no atendimento médico dos desabrigados. Ela conta que na manhã desta segunda-feira guardas municipais da cidade teriam ido à base onde a entidade está trabalhando, no bairro de Bom Retiro, para impedir a saída de equipes médicas e operacionais.

- Hoje de manhã cheguei para trabalhar e pessoas da prefeitura, sem nenhuma documentação, chegaram aqui para nos proibir de trabalhar. Conseguimos três grande galpões para a gente se organizar, cedidos por empresários da cidade porque o Ginásio Pedrão não suportava mais receber donativos. Mais de cem profissionais, entre médicos, enfermeiros e voluntários estavam aqui dando apoio às atividades - contou Eliane.

De acordo com o médico Martius de Oliveira, voluntário da Cruz Vermelha, duas equipes da entidade que atuavam na área de Granja Florestal, nas imediações da localidade de Posse, teria sido obrigados pela prefeitura a interromper as atividades e retornar.

- É uma situação constrangedora. Hoje cedo chegaram aqui à base da Cruz Vermelha e colocaram todo mundo para fora e fecharam os portões - relatou o médico.

É absurdo!

Pelo visto o repentino interesse da Prefeitura de Teresópolis em resolver sozinha o problema que não teve capacidade e competência de impedir, se deu pelo fato de o Governo Federal já ter destinado uma verba para começar a erguer a cidade em Teresópolis.

Dane-se as vítimas, o que importa é a verba.

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