Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Coluna do João Carpalhau: A Epistemologia CQC



Dizia Monteiro Lobato que “humor é a maneira imprevisível, certa e filosófica de ver as coisas” e é partindo desta premissa que creio que o CQC, Custe o Que Custar, vem ganhando cada vez mais espaço e causando polêmicas no âmbito da política nacional. “Eles estão a solta, mas nós estamos correndo atrás”, frase sempre repetida por Marcelo Tas tem causado calafrios nos bastidores do poder.

Os políticos e seus curreligionários temem a exposição, mas não pelo medo da mídia ou do povo e sim por serem expostos ao ponto de não se elegerem mais. Para concluir melhor este raciocínio, explico: Você provavelmente não se lembra de muitos fatos e acontecimentos da história ou mesmo sua vida, mas garanto que coisas que lhe fizeram rir, jamais foram esquecidas. Sempre há aquele momento que você se pega sozinho rindo novamente de algo que já havia rido antes. Pois é exatamente aí que mora o medo dos políticos. Quando você estiver rindo de um deles ou se indignar com sua aparição em uma matéria do CQC, aquilo ficará na sua memória provavelmente pelos próximos quatro anos. Volto a dizer é aí que esta o medo do político.

Os políticos não tem medo da piada, eles tem medo de perder a bocada. Chico Anysio, Jô Soares, Agildo Ribeiro e os Cassetas, verdadeiros gigantes do humor, já tocaram o zaralho na vida deles. Há alguns que até colecionam charges, mesmo aquelas que lhes deveria ferir no âmago da moral. O que nunca houve em todos estes anos foi uma exposição da ferida em sua forma mais purulenta, através de seu ângulo mais bizarro. Reclamam que os humoristas tem sido agressivos, mas se esquecem o quanto a agressividade passional de nossos eleitos nos feriu e fere todos os dias. A prática do “perguntar não ofende”, acabou se tornando ofensiva, mas não meramente pelo constrangimento de uma determinada pergunta, mas sim pelo peso de sua veracidade.

Levando em consideração que o programa foi comprado de um formato argentino, acho sumariamente importante destacar que há muito tempo Marcelo Tas já fazia o que faz hoje. Aliás, como já dizia o velho ditado: “Novos tempos, novos costumes”. O Tas de antes só incomodava menos, porque por mais que debaixo do angu tivesse caroço, sua digestão era menos dificultosa, afinal, o acesso a cozinha era muito menor.

Com tanta gente se mordendo e tentando digerir o CQC, fica provado que existem mais pensamentos críticos entre o Idendidade Nacional e o Top Five do que pode dizer a vã filosofia dos políticos brasileiros. Então, protestemos já, vamos todos correndo atrás.

Quem poderia imaginar? Das singelas aulinhas do professor Tiburcio surgiu toda uma epistemologia. Imprevisível, certa e filosófica.
Com os melhores cumprimentos,

João Carpalhau

João Carpalhau, além de cartunista e roteirista, se tornou o responsável pela legalização do sal de cozinha no Brasil (vídeo em http://youtu.be/kzWWX1vjW6E),

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