Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

domingo, 15 de maio de 2011

Coluna do João Carpalhau: Tamo F...


Uma coisa que nunca entendi são as músicas que fazem trocadilhos entre o verbo “fugir” e o verbo “foder”, pior, elas fazem sucesso. A conclusão que chego sobre isso é que o brasileiro, apesar de ser um povo cheio da sacanagem e adorar uma balançada de bunda, não entende nádegas sobre liberdade de expressão e ainda é falso moralista.

Exemplificando em questão musical: Por que a Pitty pode dizer a palavra “foda” numa música e o camarada do Tchacumdum, Tchapau, Tchupaqui tem que falar “foge”?

Pra não acharem injusto, dou o mais estranho dos exemplos: O Sou Foda! Ele diz que é foda e dá a cara pra bater dizendo suas intenções pra lá foderosas. Então volto a perguntar: Por que o cara do Sambaqui, do KY, do Chácumpão tem que insistir em fazer trocadilho entre o fugir e o foder? Ah, não fode... Acha isso engraçado? É nesta confusão entre o fugir e o foder que muita gente acaba esquecendo do preservativo e no final acaba fodido numa cama de hospital.

O brasileiro além de falso moralista é preconceituoso, tem preconceito com as palavras. Escrevo foder sem preconceito, sem problemas sexuais. Baudelaire, Bocage, Vinicius de Moraes e tantos outros também fodiam sem fugir, sem precisar se esconder atrás de trocadilhos. Para quem acha que o palavrão é a pura falta de vocabulário, deveria rever seus conceitos, o bom uso do palavrão é uma coisa saudável, ou você é o tipo que dá uma martelada no dedo por acidente e diz “oh! fezes!”?

A intenção aqui não é uma apologia ao palavrão, mas sim a explicitar verdadeiras intenções e sentimentos por mais fodidamente sacanas que sejam. Não sou partidário do palavrão gratuito, mas me fode as idéias pensar na dimensão do quanto estamos fodidos em relação a essa caretice que anda por aí sendo apoiada por uma legião de fodidos e mal pagos.

Encerro sem fugir a responsabilidade das minhas palavras e me fodendo para as consequências delas.

Com os melhores cumprimentos,

João Carpalhau

* Um outro protesto que não posso deixar de fazer antes de finalizar este post: O Pingüim é inimigo do Batman e quem tem Kriptonita é o Lex Luthor, porra!

João Carpalhau, além de cartunista e roteirista, se tornou o responsável pela legalização do sal de cozinha no Brasil (vídeo em http://youtu.be/kzWWX1vjW6E),

3 comentários:

  1. Deve ser por isso que cancelaram o remake do seriado da Mulher Maravilha...

    ResponderExcluir
  2. Porra, gostei pra caralho do texto !

    Ficou foda e não fugiu do tema elaborado.

    Então, foda-se aqueles que não sabem escrever "merda".

    :)

    Abraços

    ResponderExcluir

Recomenda-se ao comentarista que submeta seu texto a um corretor ortográfico.

Pede-se o uso de parágrafo, acrescentando-se um espaço entre uma linha e outra.

O blog deletará texto só com letras MAIÚSCULAS.


"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)