Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O abismo educacional não tem fundo


A educação brasileira alcançou esses dias um novo nível de mediocridade. Como diz o velho ditado, nada é tão ruim que não possa piorar.

E por quê? Por isto: “Professores do Pedro II adotam termo 'alunxs' para se referir a estudantes sem definir gênero”. Já faz algum tempo que feministas e outros histéricos de plantão vêm defendendo a abolição da designação de gênero na escrita. Sendo assim, “alunos” passariam a ser escrito como “alunxs”, “amigos” como “amigxs” e por aí vai, sob a desculpa estapafúrdia de que colocar o “x” no lugar do “o” e do “a” seria “gênero neutro”, já que a nossa língua é “machista”. 

Fosse isso uma prática comum só a poucos histéricos e bitolados seria uma coisa. Mas quando se vê esse tipo de prática invadindo as escolas, é a certeza de que o abismo educacional não tem fundo mesmo. Já estamos na rabeira em todos os rankings de educação e, ao invés de discutir como melhorar isto, agora nossos supostos educadores preferem ficar envolvidos com picuinhas mesquinhas como ideologia de gênero e implicar até com um mero artigo ortográfico. Nem mesmo a língua portuguesa escapa das garras dos nossos “reformadores sociais” que, como diria Bastiat, já fariam uma grande ajuda reformando a si mesmos antes de tentar reformar qualquer outra coisa.
  
Não que tal atitude me cause surpresa, muito pelo contrário. Como já disse o professor José Monir Nasser neste vídeo, educação não é a mesma coisa que ensino. De acordo com ele, o ensino nada mais é do que um método de distribuição de encargos sociais. Para isto, basta ver a quantidade de vagas de emprego e de concursos públicos que exigem, por exemplo, segundo grau completo, mesmo quando as competências necessárias para tal cargo vão apenas um pouco além de saber ler e escrever. Afinal, qual outro sentido haveria em exigir diploma de segundo grau para prestar concurso para policial de trânsito, bombeiro ou similares? 

Desta maneira, dado os incentivos do processo educacional, não me admira nada que o ensino brasileiro há tempos tenha deixado de se importar com o real aprendizado dos alunos e tenha virado uma pura briga de egos. O que é inadmissível é o nível de mesquinharia que isto chegou. Agora, os professores nem sequer precisam fingir que ensinam, mas têm tempo de sobra para perder com suas taras teóricas e ainda passa-las aos alunos. Pior: tudo isso bancado com o dinheiro de nossos impostos. 

Depois desta, começo a pensar que o corte de verbas para a “educação” talvez tenha sido a decisão mais sensata de nossa presidente durante todo o seu mandato.

 

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