Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Uma análise sobre o Movimento Estudantil e as manifestações da USP, por Luciana Bonfim

Por Luciana Bonfim: Estudante do 2º ano e presidente do C.A. de Letras da Unioeste - campus de MCR-PR.


ACADÊMICOS DE LETRAS! Em vista do acontecido na USP (para alguns, ocupação, para outros, invasão da reitoria) e das eleições para o DCE da Unioeste de MCR, acho importante que pensemos sobre o movimento estudantil (ME) no nosso curso de LETRAS.

Tenho visto uma enorme quantidade de pessoas se pronunciando a respeito do que aconteceu na USP essas duas últimas semanas. Em sua maioria, acham um absurdo que “maconheiros filhinhos de papai tenham invadido e depredado a reitoria”. Um momento: SOMOS ESTUDANTES DE LETRAS! Temos noções de Semântica e de Linguística. Conhecemos Análise do Discurso. Temos condições de olhar para esse falatório geral e, como estudantes de LETRAS, refletir a respeito desse assunto.

Em primeiro lugar, impressiona a maneira como o discurso da mídia é imediatamente aceito pela maioria das pessoas, muitas das quais nunca pisaram num DCE ou participaram de alguma forma do ME. Temos visto ano após ano, JELL após JELL, acadêmicos apresentarem artigos em relação ao discurso de meios de comunicação pertencentes a grupos dominantes na sociedade. É, no mínimo, ingenuidade que aceitemos de imediato o que estes meios de comunicação repassam como sendo a versão verdadeira dos fatos.

Também impressiona a forma como temos a tendência a aceitar que a instituição da Polícia aja de maneira violenta em relação aos cidadãos civis – contanto que nossa posição seja contrária a de quem está apanhando. Que não sejamos ingênuos a ponto de não considerar a Polícia como um dos aparelhos reguladores do Estado. Entretanto, o que o cidadão civil espera da Polícia é, basicamente, segurança e proteção de seu patrimônio e de sua vida.

Chegamos, então, a um ponto crítico. Alguns de vocês argumentarão que a Polícia estava protegendo o patrimônio público. Outros defenderão que os estudantes exerciam seu direito de manifestação contra o que consideraram abuso de autoridade, além do mais, o patrimônio público também pertence aos estudantes e era um problema interno da universidade. Então, outros contra-argumentarão dizendo que os estudantes estavam depredando um patrimônio que também é nosso... num ping-pong infinito de argumentações. Entre vários desses argumentos, se destaca aquele que diz que os estudantes que ocuparam/invadiram a reitoria não representavam a maioria dos estudantes da USP.

ATENÇÃO, ACADÊMICOS DE LETRAS! Este é um dos argumentos mais utilizados pelas pessoas não-favoráveis à ocupação/invasão! A decisão dos estudantes, tomada em assembléia na presença de 600 acadêmicos, é soberana! A Assembléia Geral dos Estudantes se constitui na mais importante instância de decisões do ME. Com onze campi e um total aproximado de 80.000 acadêmicos, é óbvio que 600 alunos não representam a maioria dos estudantes da USP, nem a maioria dos estudantes do campus da capital. A minha pergunta é: ONDE É QUE ESTÃO OS OUTROS ESTUDANTES daquele campus que não concordam com a decisão dos 600 colegas? Eu respondo onde é que estão: estão em suas casas, “xingando muito” no Twitter e no Facebook (!!!), apoiando a violência da Polícia Militar e argumentando que não são representados pelos ocupantes/invasores da reitoria. Se estes estudantes se fizessem representar em assembléias dos seus cursos ou do DCE, então saberíamos, verdadeiramente, se a maioria dos acadêmicos era a favor ou contra a ocupação/invasão. Não precisaríamos depender de informações ideologicamente deturpadas dos meios de comunicação dominantes que são repetidas como bastiões da verdade.

O QUE ESTA HISTÓRIA DA USP NOS ENSINA, pelo menos em termos de participação acadêmica no movimento estudantil? Que precisamos nos fazer representar. Que precisamos estar presentes nas discussões que envolvem a política do nosso curso de LETRAS e da nossa universidade. Que precisamos conhecer em quem votamos e por que votamos. Chega desse nhé nhé nhé de que os líderes do ME das universidades não representam os estudantes. Os estudantes PRECISAM SE FAZER representados! Chega de chover no molhado e ficar falando o óbvio: os presidentes dos diretórios e centro acadêmicos não representam MESMO os acadêmicos, são os acadêmicos que precisam encher as reuniões, as assembléias e acabar, de uma vez por todas, com essa história de um grupo de 20 alunos falar em nome de 1.500 acadêmicos. De 600 ou 3.000 pessoas decidirem por 80.000.

Dia 10/11/2011 tem eleição para o DCE da Unioeste MCR. Discuta com a sua turma e grupo de amigos. Procure saber as propostas. E não deixe de cobrar dos que forem eleitos. Afinal, eles estão lá para representar os estudantes! Em 2012, compareça às reuniões e às assembléias dirigidas pelos C.A. e DCE! Perguntem! Palpitem! Discordem! Argumentem! Sugiram! Cobrem! FAÇAM ALGUMA COISA!

Luciana Alves Bonfim.
08/11/2011.

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