Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Deputado Petista quer proibir exibição de MMA na TV


Proibir, proibir e proibir. É só nisso que eles pensam. Os deputados do PT devem ter algum tipo de fetiche sádico pela proibição, deve ser algum resquício do relacionamento "íntimo" que tiverem com militares. e normalmente proíbem o que é bom ou dá certo.

O alvo da vez é o MMA, esporte que no Brasil vem se tornando febre. Esporte que podemos dizer que é de origem brasileira. Vou reproduzir a matéria publicada hoje no O globo.

José Mentor não gosta de MMA. Acha violento. O compara aos tempos do Coliseu. Pior ainda, José Mentor abomina o MMA. Não considera um esporte legítimo. “Rinha humana”, filosofa Mentor.

Não haveria problema algum em José Mentor ser um critico das artes marciais mistas. Cada um que tome o controle remoto do colo da esposa e veja o que bem entender. O problema é que Mentor é deputado federal. E resolveu fazer uma caça às bruxas com o MMA. Tomou frente num projeto de lei que multa em 150 mil reais as emissoras de TV abertas ou fechadas que exibirem” lutas não olímpicas consideradas violentas”. Canais reincidentes poderiam, inclusive, sair do ar. O alvo dessa ação é somente o MMA.
Ele não aguenta 10 minutos de porrada
.
A mediocridade de nossos políticos fica latente pela maneira como eles criam, desfazem e discutem leis. Mentor não tem a menor ideia dos riscos inerentes a qualquer esporte. Mas abusa da retórica ao tentar cavar argumentos para banir o MMA. Chama de incitação a violência. Compara com briga de galo. Diz que tem médicos no Canadá que querem proibir as artes marciais mistas. Um tremendo tiro no pé, perceberá num futuro breve.

O Brasil é o berço do MMA. O desafio Gracie que começou ainda nos anos 20 e sacudiu o Rio de Janeiro é a base desse esporte. O então presidente Getúlio Vargas valorizava o chamado Vale Tudo e prestigiou na década de 50 um confronto histórico do pai do jiu-jitsu moderno, o lendário Hélio Gracie, contra um dos judocas mais importantes de todos os tempos, o japonês Masahiko Kimura.

No norte, a partir de Belém do Pará e passando por Manaus, no Amazonas, a cultura do jiu-jitsu também fincou raízes desde cedo. Hoje, o MMA é um esporte mundial, mas de DNA verde e amarelo. Devia ser valorizado e defendido pelos políticos como é a capoeira. Mas Mentor tenta impor à sociedade uma visão distorcida que ele tem desse esporte. Puro preconceito respaldado por nada e com base em coisa alguma, fomentado apenas em meras impressões.


Mentor se vale de um argumento um tanto quanto incoerente, para não dizer tosco, na hora de justificar a caça ao MMA. O projeto de lei apresentado por ele veda a exibição de confrontos de artes marciais não reconhecidas pelo Comitê Olímpico Brasileiro, pois eles não seriam regulamentados. Chama esse esporte de brutal, mas avaliza a exibição de outros combates comprovadamente mais traumáticos do que o MMA, como é o caso do boxe.

O UFC, maior liga de artes marciais mistas, tem o aval de comissões atléticas. O evento oferece uma estrutura de ponta para os atletas e até paga um seguro médico a eles. Nunca foi registrado um incidente grave nessa organização. Em toda história do MMA desde a década de 90 houve três fatalidades por conta de traumas provocados em combates. Número bastante inferior aos mais de 70 computados no boxe nesse mesmo período. Ou às dezenas de mortes nos milionários jogos de futebol americano nos últimos 20 anos. O chefão do UFC, Dana White, sonha em tornar o MMA um esporte olímpico. Mas ai é uma questão burocrática. Depende de se formar dezenas de federações que promovam o MMA em diversos países para um dia ser aceito pelo Comitê Olímpico Internacional. Depende de lobby também. Mas o mais importante não é entrar para a lista de esportes do COI. E sim, criar e aprimorar as regras para proteger os atletas. O único estudo sério sobre traumas em lutas classificou o MMA como menos traumático para o cérebro do que o boxe. Os números mostram isso. Jonh McCain já se convenceu disso. Falta o Mentor.

Comparar um atleta de MMA que se prepara durante três meses para um combate regulamentado e assistido por médicos a uma rinha onde galos são covardemente incitados a brigar mostra o nível de despreparo de Mentor para falar do assunto. Comparar ao Coliseu onde homens eram obrigados a se matar ou eram jogados aos leões deixa exposto toda a amargura e preconceito de Mentor contra um esporte que hoje é visto por mais de 350 milhões de pessoas no mundo e movimenta mais de 5 bilhões de dólares por ano. Mas, se depender de Mentor, MMA no Brasil só pela internet. A conferir!

Tudo que funciona ou dá certo neste pais eles querem proíbir ou meter o bedelho. É na TV a cabo, na internet, nas promoções de entrega de pizza em 30 minutos ou seu dinheiro de volta, nas palmadas que você dá no seu filho e agora no que você deve ou não assistir e ter como esporte.

Eles nem disfarçam seus desejos totalitários. Tudo em nome de um falso moralismo, um politicamente correto tacanho e distorcido.

Deputado José Mentor, o senhor não deve aguentar 10 minutos de porrada comigo
. Vá procurar algo de útil para fazer. Ou se informe.

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