Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Coluna do Vargas: Santa Maria, Produtores em cheque?! Pontos para reflexão

 Bom dia.

Sem querer ser sensacionalista, acho que os ocorridos do último fim de semana em Santa Maria - RS precisam servir de reflexões para os produtores de eventos do underground brasileiro.

Como todos sabem, há tempos falo da qualidade e quantidade dos eventos do underground. Infelizmente, a grande marioria me interpretou até hoje como chato e polêmico e, em alguma situações, eu fui e ainda sou mal falado e boicotado por alguns produtores de eventos justamente por falar algumas verdades que as pessoas não querem ler e ouvir.

Vamos aos fatos: 231 mortos! 

Pergunto: precisava chegar neste ponto?

E se este incidente tivesse acontecido num show de metal, do que seriamos acusados hoje?

Primeiro lugar, falaram que a culpa foi do show pirotécnico. O fator que desencadeou o incêndio foi o efeito sim porém, seriam dos artistas a culpa e dolo? Não. Por que? Não é dever do artista saber se a arquitetura, estrutura e engenharia do local tem suporte para tal procedimento. O artista não é o proprietário e/ou locatário do espaço ou estabelecimento. Portanto, não é ele quem contrata seguranças, firma de iluminação e som. Essas atribuições são dos produtores dos eventos.

Quando um produtor contrata uma banda, ele já sabe o que ela faz ainda mais no mundo de hoje onde a informação está disponível no mundo digital. Quem tinha que fornecer a informação do que deveria e poderia ser feito no palco era a produção do evento. Há algum documento falando sobre isso? Por certo não e, sendo assim, este fato é a maior prova de descaso dos produtores tanto com os artistas quanto com o público. A maioria dos produtores só estão preocupados com os seus próprios bolsos. 

Se uma banda dizer nós não nos apesentaremos neste local pois este não apresenta condições de segurança e higiene para a realização do evento", com toda certeza ouvirá . " banda cheia de frescura e problemática", "se você não quiser tem quem queira" ou " quem está no rock e metal é para se fuder". Mentira? Ainda por cima, há produtores que não chamam bandas para tocar por alguns artistas não irem aos seus eventos. Há produtores que não sabem nem o que é mapa de palco.

Eu, particularmente, não participo de tantos eventos quanto gostaria pois trabalho muito inclusive aos fins de semana. Já fui boicotado por produtores do meu estado muitas vezes para agendar shows para minha banda. Com certeza, uma das coisas que em alguns momentos me desestimula ir a eventos é saber que o local não tem estrutura para funcionar. Contudo, sei que há musicistas e bandas que não participam dos eventos porque não querem compactuar com este tipo de mentalidade vigente.

Que esta tragédia sirva de lição e reflexão para o cenário underground brasileiro repensar a forma de fazer eventos. Fica um aviso para o público:

Público - Headbangers, protestar, somente, não basta. Temos que fiscalizar e denunciar juntos aos órgão competentes o que está de errado. (Procon, Corpo de bombeiros, Polícia, Vara da Criança e Adolescência e Órgãos da Saúde).

Produtores - Sei que muitos de vocês são headbangers e vocês sabem o que precisamos. Procurem se profissionalizar, estarem dentro das leis e tratar o público e bandas com mais profissionalismo, ética, respeito e carinho.

Artistas e bandas - Sejam mais criteriosos para escolherem eventos e produtores e, caso vejam faltas, pendências e irregularidades, não toquem.  

Será que não seria este o motivo implícito do público não pagar por eventos de pequeno e médio porte?

Se este modelo que proponho é utópico eu não sei mas, por certo, se este sistema de autocobrança interna acontecer, a qualidade e quantidade dos eventos irão melhorar significativamente e, todos nós sairemos ganhando com isso.

Abraços


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