Millor Fernandes:


Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Coluna do Vargas - BRASIL: CORREMOS UM RISCO!!!

por Antonio Vargas




Como sabem, não sou formado em ciências políticas e nem tenho a pretensão de fazê-lo para não desautorizar aos que são competentes e especialistas na área. Porém, gostaria de trazer mais algumas reflexões sobre os que se passa no nosso cenário político atual.

Na quarta feira, eu escrevi o seguinte: "Tomara que os R$ 0,20 não seja uma esmola dada por eles para tentar calar o povo. Se essa era a primeira batalha, vencemos mas, ainda não podemos comemorar nada. Há muito a ser feito. Lembrem-se que ainda não acabou. Ainda não vencemos a verdadeira guerra." Mal eu sabia o que estava por vir. Para minha surpresa, a população brasileira começou a combater meu ceticismo. O povo continua indo as ruas para manifestar-se.

O grande problema é que as governanças viram que não eram somente os R$ 0,20 e, aí começaram a agir de forma covarde. O que aconteceu ontem no Rio de Janeiro foi um crime contra liberdade de expressão. Ontem, o dia 20 de junho de 2013 foi provado para todos nós o vício pelo poder, ganância, crime administrativo por má gestão, omissão com a população por interesses políticos partidários, enriquecimento ilícito, nepotismo e atentado contra os direitos humanos por parte de quem nos governa. Foi uma das retaliações políticas mais sórdidas que vi na vida por parte das governanças. Por parte do militarismo, foi um crime de guerra, uso desproporcional da força, arbitrariedade e autoritarismo no sentido mais radical da palavra. Tanto é verdade, que na primeira manifestação pacífica que fizeram após o retorno aos preços anteriores dos transportes, vieram agindo de covardia contra a população.


Claro que houve incidentes provocados por uma minoria na Praça XI e em demais locais foi ridículo, deplorável e não corresponde ao que a maioria da população pensa e age. Esta “ala radical” precisa ser punida sim para não sabotar e manchar esse momento histórico que estamos fazendo e vivendo. Essa ala radical precisa entender que se eles continuarem agindo assim dará mais motivo aos que estão no poder querer usar da força para manter a ordem e zelar pelo patrimônio público.

Contudo o despreparo militar é tão grande e evidente que os caras estavam ali quebrando tudo a menos de 1,5 km do Palácio Duque de Caxias que é o Quartel-General do Comando Militar do Leste (CML), do prédio da atual Prefeitura do Município do Rio de Janeiro e praticamente atrás do Primeiro Batalhão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Por que não cercaram os caras e começaram a brincar de “gato x rato” com ele pelas ruas que levam até a Lapa. Dainte dessa falta de estratégia e despreparo, os policiais começaram a agir de forma descontrolada contra pessoas inocentes que estavam ali somente manifestando o seu direito de se expressar. Pior ainda foi o que fizeram com cidadãos brasileiros e turistas que estavam nos bares nos arredores da Lapa onde começaram a jogar bombas nas pessoas que nem estavam participando dos ocorridos na Avenida Presidente Vargas. Pior foi ter jogado bombas no entorno do Circo Voador, com quase 800 pessoas lá dentro e o gás pimenta entrar no local. Prejudicou atodos os cidadãos que estavam ali num objetivo de se divertir somente. Pessoas que moram nos bairros que ficam nos arredores da Lapa (Glória, Catete, Flamengo e afins) tiveram que fechar as janelas para o gás não entrar em seus respectivos lares.

A imprensa diz ter imparcialidade porém isso não é verdade. A imprensa não está cumprindo o seu papel de divulgar a realidade dos fatos pois é comprada para divulgar o que as governaças querem. O espaço que ela dá para a parte pacífica e positiva da manifestação é infinitamente menor. Ela enfatiza cada vez mais a violência provocada por uma minoria que não representa esse movimento legítimo do povo. Ela faz isso justamente para criar uma tensão dentro do povo, tentar minar as forças das pessoas e induzindo de forma “sutil” a desistência de alguns.



Corremos algum risco amigos? Sim, corremos um risco de um Golpe Militar. Se isso acontecer, na verdade não estaremos perdendo a democracia porque nunca a tivemos, tendo em vista que somos obrigados a votar. O que perderemos na verdade será a obrigação de votar e a liberdade de expressão. Uma das análises sobre a Proclamação da “República” Federativa do Brasil é de que foi uma ação ordenada pelos militares em 1889. Um dos motivos foi  eles não terem recebido os investimentos para as melhorias do Exército e da Marinha por parte do Império e, vendo o mesmo fazer gastos astronômicos com supérfluos; propuseram a queda do monarca. O famoso baile de Ilha Fiscal foi o estopim da virada. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Baile_da_Ilha_Fiscal). O nosso cenário político atual é bem similar, onde sabemos que as instituições militares estão quase falidas e o governo tem feito mal uso das verbas públicas, descaso e falta de investimento na educação e saúde, superfaturamento de obras por conta dos megaeventos esportivos (Copa das Confederações 2013, Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos 2016) e  decisões arbitrárias no que se refere a tudo que tange ao estado e município. Temos como principal exemplo os questionamentos sobre a continuidade da PMERJ.

Se houver um Golpe Militar, não será um movimento provocado e articulado pelos milicos mas, eles podem se aproveitar da situação para voltarem ao poder, ter o controle econômico do país para se reestruturarem economicamente as forças e, com isso, a população brasileira continuaria na mesma situação, ou seja, a verba pública não seria revertida para o povo. Se os militares assumirem o poder será por culpa dos civis.

Contudo, as corporações militares e os sistemas ditatoriais contam hoje com alguns inimigos que outrora não existiam que são as redes sociais, internet e as tecnologias que geram informação estando à disposição da população (Ipad, Ipod, celulares, tablets e etc). Eles não teriam como lutar contra isso e sabemos que em alguns países, manifestações populares foram feitas desta forma. As ditaduras antes ganhavam do povo pois detinham as informações com eles e agora, as informações verdadeiras estão disponíveis para todos.

A saída para o Brasil é a reforma política. Conforme escrevi em nota anterior http://shogunidades.blogspot.com.br/2013/06/coluna-do-vargas-brasil-o-pais-dos.html, o Brasil precisa acabar com a obrigatoriedade do voto, imunidade parlamentar, estabilidade do funcionalismo publico e acabar com o Direito Militar porque eles são cidadãos assim como todos nós e não podem ter direito diferenciado. Se não houver a reforma, creio que podemos até evoluir no que pleiteamos mas, não mudaremos da fato o nosso país do jeito que precisamos e queremos.










Antonio Vargas é psicólogo, músico e pajé



Em tempo: O TRE de Goiás oficializou ontem o PMB (Partido Militar Brasileiro) - (grifos nossos)
http://www.jusbrasil.com.br/diarios/55758312/tre-go-20-06-2013-pg-29

Art. 137 da CF de 1988: "O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa". (Grifos nossos)

Um comentário:

  1. Estamos sós. Nem os milicos nos querem mais, pois o país está contaminado de norte a sul pela corrupção. E também pela bandidagem. E como votar
    bem, se o povo analfabeto, ou quase, não entender o que se passa?

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