Eu
só queria ter tido mais tempo. Uma vez eu ouvi que quando um homem
perde seu pai, ele perde o direito de errar. Infelizmente hoje chegou o
dia em que não poderei mais errar e nem pedir conselhos a você.
Perdi
meu pai, perdi meu melhor amigo, confidente, meu guia, meu exemplo,
parceiro de conversas sobre futebol, mesmo torcendo para times
diferentes.
Nos últimos dois anos você me ligava todos os dias
preocupado comigo. Como é que eu vou ficar sem você? Com quem eu vou
conversar todas as noites e rir das suas histórias do Ceara?
Você
tinha um coração gigantesco, amou a todos de sua família, foi um
segundo pai dos seus irmãos, um padrinho de todos os sobrinhos mesmo
aqueles que não foram batizados como seus afilhados. E hoje todos
estamos órfãos, todos estamos destruídos.
Mas você me deixou
muitos ensinamentos. O maior deles é o amor, esse amor que você tinha
para ajudar a todos. Se eu tiver um décimo desse amor que você tinha no
coração eu já serei um homem muito melhor. E seguindo esse seu exemplo
de amor que decidimos doar os seus órgãos. Você vai continuar vivendo
ajudando e salvando vidas mesmo depois do seu descanso.
Tudo que eu queria era mais tempo. Ao menos eu pude te ver pela última vez, dormindo sereno como se estivesse em casa.
Muito obrigado por tudo, pai. Te amo
Millor Fernandes:
Jornalismo, por princípio, é oposição – oposição a tudo, inclusive à oposição. Ninguém deve ficar acima de qualquer suspeita; para o jornalista, não existem santos.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Carta aberta a um pai
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"Se a prudência da reserva e decoro indica o silenciar em algumas circunstâncias, em outras, uma prudência de uma ordem maior pode justificar a atitude de dizer o que pensamos." - (Edmund Burke)
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